A Ucrânia realizou neste domingo (1º) uma das ações mais ousadas desde o início da guerra, ao lançar uma operação de drones em larga escala contra aeródromos militares em território russo. O ataque, que teria destruído mais de 40 aeronaves de guerra, é considerado o mais devastador já desferido contra a aviação russa, afetando diretamente a capacidade de Moscou de realizar bombardeios com mísseis de cruzeiro.
Segundo o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU), a ofensiva foi batizada de “Operação Teia de Aranha” e estava em preparação há um ano e meio. O presidente Volodymyr Zelensky supervisionou pessoalmente a execução do plano. As informações divulgadas revelam que drones FPV foram contrabandeados para o interior da Rússia escondidos em cabines de madeira instaladas em caminhões. No momento do ataque, essas estruturas foram abertas remotamente, liberando os drones que decolaram diretamente em direção às bases militares.
Entre os alvos atingidos estariam bombardeiros estratégicos Tu-95 e Tu-22M3, além de aeronaves de vigilância aérea A-50. Fontes indicam que os ataques ocorreram em várias regiões, incluindo as bases de Sredny, na Sibéria; Diaghilevo e Ivanovo, nas regiões centrais de Ryazan e Ivanovo; Belaya, em Irkutsk; e Olenya, próxima a Murmansk, no extremo noroeste da Rússia.
Imagens divulgadas mostram colunas de fumaça, aeronaves em chamas e explosões nas instalações militares. O governador de Irkutsk, Igor Kobzev, confirmou que os drones lançados contra a base de Sredny foram liberados de caminhões e publicou vídeos mostrando os danos causados. A imprensa russa também noticiou os ataques, mas minimizou os impactos, alegando que defesas aéreas foram eficazes em algumas regiões.
De acordo com a Ucrânia, os prejuízos causados à infraestrutura militar russa superam os US$ 2 bilhões (R$ 11,46 bilhões). O analista Chris Partridge, da BBC News, afirma que a ofensiva compromete de forma significativa a capacidade da Rússia de realizar ataques com mísseis de cruzeiro e expõe novamente a fragilidade de ativos militares estratégicos dentro do território russo.
Rússia responde com ataque massivo
Em retaliação, a Rússia lançou uma ofensiva de grande escala contra a Ucrânia, envolvendo 472 drones e sete mísseis balísticos e de cruzeiro durante a madrugada de sábado. As autoridades ucranianas informaram que 385 drones foram interceptados. Ainda assim, o ataque matou ao menos 12 soldados ucranianos e feriu mais de 60 em um centro de treinamento militar.
Conflito se intensifica às vésperas de negociações de paz
A escalada de ataques ocorre pouco antes de uma nova rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia, marcada para acontecer em Istambul, na Turquia. Volodymyr Zelensky anunciou que enviará uma delegação para os diálogos com o objetivo principal de alcançar um “cessar-fogo completo e incondicional”. A mídia russa confirmou que representantes de Moscou também já partiram para a cidade turca.
Apesar da ofensiva diplomática em curso, os confrontos permanecem intensos, e ambos os lados continuam demonstrando força no campo de batalha, sinalizando que um acordo de paz duradouro ainda parece distante.