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Horas antes do início de uma nova rodada de negociações por um cessar-fogo, Rússia e Ucrânia aumentaram drasticamente suas ações militares, protagonizando ofensivas inéditas desde o início da guerra há três anos. Neste domingo (1º), a Ucrânia realizou um ataque de longo alcance que destruiu 41 aviões militares russos na Sibéria, conforme o Serviço de Segurança do país. Foi a primeira vez que alvos localizados a mais de 4 mil quilômetros da fronteira foram atingidos.
O governador da região de Irkutsk, Igor Kobzev, afirmou que se tratou de um ataque inédito na Sibéria. Já o presidente Volodymyr Zelensky classificou a operação como “brilhante” e destacou que foi a mais distante já conduzida pelas forças ucranianas. Paralelamente, Moscou respondeu com o maior ataque de drones desde o início da invasão em 2022, lançando 472 aeronaves não tripuladas sobre o território ucraniano nos últimos dois dias.
A Rússia informou também que duas pontes próximas à fronteira com a Ucrânia colapsaram devido a explosões, considerando o caso um "ato de terrorismo", embora não tenha apontado imediatamente os responsáveis.
Nova rodada de diálogo acontecerá na Turquia
A intensificação dos ataques ocorre horas antes de uma nova rodada de negociações entre os dois países, marcada para esta segunda-feira (2), em Istambul, na Turquia. Após incertezas sobre sua participação, Zelensky confirmou que a Ucrânia estará representada no encontro pelo ministro da Defesa, Rustem Umerov. A agência russa Tass informou que a delegação de Moscou já partiu rumo à cidade turca.
A primeira rodada de negociações, em 16 de maio, resultou apenas na maior troca de prisioneiros desde o início do conflito, sem avanços concretos em relação ao cessar-fogo. Desde então, o presidente russo Vladimir Putin não apresentou propostas formais, o que gerou críticas de Zelensky e do chanceler alemão Friedrich Merz. O Kremlin declarou que só revelará suas exigências durante a reunião.
Propostas ucranianas e posição russa
Segundo um documento obtido pela agência Reuters, a Ucrânia levará à mesa de negociações propostas para um acordo de paz duradouro, incluindo a preservação de sua capacidade militar, a rejeição de qualquer reconhecimento da soberania russa sobre áreas ocupadas e o pedido de reparações. O país também exigirá o retorno de prisioneiros e de crianças sequestradas, bem como que a linha de frente atual sirva de base para discussões territoriais.
Essas exigências, no entanto, são pouco prováveis de serem aceitas por Putin. A Rússia afirma ter elaborado seus próprios termos, mas optou por não divulgá-los previamente. Em junho do ano anterior, Putin havia condicionado a paz à renúncia da Ucrânia à entrada na Otan e à retirada de tropas das quatro regiões reivindicadas por Moscou.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reforçou o apelo por um acordo e alertou que poderá suspender o apoio caso as partes não avancem. Seu enviado, Keith Kellogg, confirmou que os dois lados deverão apresentar propostas por escrito durante os encontros.
Operação ucraniana destrói aviões em bases russas
De acordo com uma fonte militar anônima citada pela agência AP, a destruição dos aviões russos foi fruto de uma operação planejada por mais de um ano e meio, supervisionada diretamente por Zelensky. Drones com visão em primeira pessoa foram contrabandeados para dentro da Rússia, transportados em caminhões até as bases aéreas-alvo na Sibéria.
Imagens da mídia russa mostram os drones saindo de contêineres, enquanto alguns homens tentam impedi-los subindo em caminhões. Ao todo, 117 drones foram usados, atingindo 41 aeronaves em diversos aeródromos, com danos estimados em 7 bilhões de dólares, segundo os serviços de segurança ucranianos.
O Ministério da Defesa da Rússia confirmou os incêndios em bases nas regiões de Irkutsk e Murmansk, e afirmou que ataques nas áreas de Amur, Ivanovo e Ryazan foram contidos. Ainda de acordo com o ministério, não houve mortos e alguns responsáveis foram detidos. A Reuters informou que os Estados Unidos não foram notificados com antecedência sobre a operação.
Moscou reage com ofensiva inédita
No mesmo dia, a Rússia lançou o maior ataque de drones desde o início do conflito. Além disso, sete mísseis foram disparados contra uma base de treinamento militar ucraniana, matando ao menos 12 soldados e deixando 60 feridos. Moscou também anunciou avanços na região de Sumy, no nordeste da Ucrânia, onde teria conquistado cerca de 450 quilômetros quadrados apenas no mês de maio — o maior avanço territorial russo em seis meses.
Atualmente, as tropas russas controlam cerca de 113 mil quilômetros quadrados do território ucraniano, equivalente a um quinto do país. Apesar dos esforços diplomáticos, o conflito permanece intenso e as partes continuam em lados opostos do campo político e militar.
