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Guerra
01/06/2025 00:00:00

Com apoio dos EUA incerto, Japão desafia China com manobras e amplia alianças militares

Com apoio dos EUA incerto, Japão desafia China com manobras e amplia alianças militares

Pela primeira vez, destróieres da Marinha do Japão atravessaram o Estreito de Taiwan em duas ocasiões nos últimos meses, sinalizando uma mudança significativa na postura do país diante da crescente pressão militar da China na região do Indo-Pacífico. Essa movimentação ocorre em meio a incertezas quanto ao comprometimento dos Estados Unidos, sob o governo de Donald Trump, com seus aliados tradicionais na Ásia. As informações foram divulgadas pela agência Bloomberg.

O reposicionamento do Japão é visível não apenas nas ações militares, mas também no discurso de antigos membros das Forças de Autodefesa. “O mundo mudou, e os japoneses compreendem que não podemos apenas assistir passivamente às ações da China”, declarou Katsuya Yamamoto, ex-vice-almirante da Força Marítima japonesa.

A crescente preocupação do Japão com um possível conflito envolvendo Taiwan é acentuada pela proximidade geográfica entre os dois territórios. A ilha japonesa de Yonaguni, a mais ocidental do arquipélago, está localizada a apenas 113 quilômetros da costa taiwanesa. A tensão aumentou em fevereiro, quando a imprensa japonesa revelou que um destróier do país havia cruzado o Estreito de Taiwan.

A China reagiu com firmeza à movimentação. “A China respeita os direitos de navegação segundo o direito internacional, mas se opõe veementemente a qualquer ação que perturbe o Estreito de Taiwan, ameace a soberania e segurança da China e transmita mensagens equivocadas aos defensores da ‘independência de Taiwan’”, afirmou Zhang Xiaogang, porta-voz do Ministério da Defesa chinês.

Para aumentar sua capacidade de dissuasão, o Japão passou a incorporar 147 caças F-35 norte-americanos, equipados com mísseis de cruzeiro de longo alcance. O país também investe no desenvolvimento de armamentos próprios e na expansão da presença militar em uma cadeia de ilhas no sudoeste do arquipélago, onde estão sendo implantadas novas bases com foco em operações de longo alcance.

Além da ampliação de sua estrutura militar, Tóquio tem intensificado parcerias estratégicas com outras democracias asiáticas. Em abril, o primeiro-ministro Shigeru Ishiba visitou as Filipinas e se reuniu com o presidente Ferdinand Marcos Jr., iniciando tratativas sobre o compartilhamento de suprimentos militares e a ampliação da cooperação em segurança regional.

Essas iniciativas fazem parte de um plano mais amplo para fortalecer a capacidade de dissuasão diante das ameaças chinesas. “Se a dissuasão falhar, o custo será extremamente alto”, alertou Kocihi Isobe, general reformado das Forças Terrestres de Autodefesa.