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Mundo
31/05/2025 18:00:00

Israel acusa Macron de liderar "cruzada contra o Estado judaico" após críticas à guerra em Gaza

Israel acusa Macron de liderar

O governo israelense acusou o presidente francês, Emmanuel Macron, de conduzir uma “cruzada contra o Estado judaico” após declarações em que o líder francês sugeriu que a Europa deveria considerar sanções contra Israel diante da grave crise humanitária na Faixa de Gaza. A acusação foi feita pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, que rebateu as críticas e negou a existência de um bloqueio humanitário no território palestino.

Segundo o ministério israelense, as declarações de Macron são “mentiras descaradas” e ignoram o controle que Israel alega manter sobre a entrada de ajuda humanitária no enclave. Em tom crítico, o comunicado israelense ainda declarou que, ao propor recompensas como a criação de um Estado palestiniano, Macron estaria beneficiando grupos jihadistas e desrespeitando as vítimas do ataque de 7 de outubro, conduzido pelo Hamas e que deu início à atual ofensiva militar.

Durante uma longa entrevista à emissora francesa TF1, Macron disse que o que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu está fazendo em Gaza “é vergonhoso”. A fala provocou uma resposta imediata do premiê israelense, que acusou o presidente francês de “mais uma vez ficar ao lado do Hamas”.

A ofensiva de Israel na Faixa de Gaza se intensificou após o fracasso de um acordo de cessar-fogo com o Hamas em março. Desde então, a entrada de ajuda humanitária foi bloqueada por quase três meses, embora o fluxo de suprimentos tenha melhorado levemente nos últimos dias. No entanto, organizações humanitárias continuam a alertar para uma situação de fome generalizada no território palestino.

O posicionamento francês foi acompanhado por outros países aliados. O governo britânico anunciou recentemente a suspensão das negociações de um acordo de livre comércio com Israel, além da imposição de novas sanções relacionadas aos assentamentos israelenses na Cisjordânia. O primeiro-ministro Keir Starmer declarou estar “horrorizado com a escalada” da operação militar israelense.

Essas críticas se somam à condenação conjunta emitida em 19 de maio por Macron, Starmer e o primeiro-ministro canadense Mark Carney, que ameaçaram “ações concretas” caso Israel não interrompesse a nova ofensiva e não facilitasse a entrada de ajuda humanitária em Gaza.

Até mesmo a Alemanha, tradicional aliada de Israel, demonstrou desconforto. Em 26 de maio, o chanceler Friedrich Merz afirmou não compreender mais o objetivo da campanha israelense, alertando que “o governo israelita não deve fazer nada que nem os seus melhores amigos estejam dispostos a aceitar”.

O conflito teve início após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que deixou cerca de 1.200 mortos, a maioria civis, e resultou no sequestro de 251 pessoas. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, pelo menos 54 mil palestinos já morreram desde o início da ofensiva israelense, a maioria mulheres e crianças. Esses dados não diferenciam entre civis e combatentes.