Em uma entrevista marcada por coragem e indignação, Luana Rodrigues se manifestou contra a decisão da Justiça que concedeu prisão domiciliar ao ex-promotor Carlos Fernando Barbosa de Araújo, condenado por abusar sexualmente dela, de outra filha e de uma enteada. A declaração foi feita nesta sexta-feira (30), em entrevista à TV Pajuçara.
Carlos Fernando foi condenado a 76 anos de reclusão, mas cumpriu apenas 12 anos e 9 meses em regime fechado no Presídio Baldomero Cavalcanti, em Alagoas. Recentemente, obteve o direito de cumprir o restante da pena em casa, com uso de tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares.
Revoltada, Luana relembrou o momento em que foi ameaçada de morte pelo próprio pai: “Ele prometeu que iria me matar”, disse. “Lembro muito bem da promessa que ele fez, gritando com as mãos no meu pescoço, de me matar se eu falasse. A última vez que o vi foi com essa ameaça. Então, quem garante a minha segurança física? Pois não tenho direito à medida protetiva”, desabafou.
A vítima foi abusada entre os anos de 1993 e 2003, dentro da própria casa. A denúncia formal contra o ex-promotor foi apresentada em 2006, e após uma longa investigação, ele acabou condenado. Carlos Fernando também foi destituído do cargo no Ministério Público, como consequência dos crimes cometidos.
Luana procurou a Casa da Mulher Alagoana Nise da Silveira, equipamento do Tribunal de Justiça de Alagoas voltado ao acolhimento de mulheres vítimas de violência, em busca de apoio e proteção. Segundo ela, as demais vítimas do caso também estão indignadas com a decisão da Justiça. “É muito triste”, resumiu.
Mesmo em prisão domiciliar, o ex-promotor está sujeito a regras rigorosas: deverá comparecer à Justiça sempre que convocado, não pode sair de casa sem autorização judicial, nem viajar, e está monitorado por tornozeleira. Caso descumpra qualquer uma dessas condições, poderá ser recolhido novamente ao presídio.
Luana reforça que o ex-promotor representa risco real à segurança das vítimas e da sociedade, e que sua liberdade parcial é um alerta para os perigos da revitimização e da impunidade.