Delegações da Ucrânia e da Rússia voltarão a se reunir em Istambul na próxima segunda-feira (2 de junho) para uma nova rodada de negociações de paz, conforme proposta apresentada por Moscou em meio ao aumento da pressão internacional. A iniciativa russa surge poucos dias após o maior ataque aéreo lançado contra a Ucrânia desde o início da guerra, com centenas de drones e mísseis disparados consecutivamente.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, declarou que a expectativa do Kremlin é de que todos os que estão “sinceramente interessados no sucesso do processo de paz” apoiem a proposta. Ele também informou que discutiu “propostas específicas” com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, em referência a acordos supostamente firmados durante conversa telefônica entre os presidentes Vladimir Putin e Donald Trump em 19 de maio. Segundo Lavrov, os presidentes concordaram em negociar memorandos como base para um possível tratado de paz. Entretanto, Moscou rejeita um cessar-fogo como etapa inicial e reitera suas exigências, como a renúncia da Ucrânia aos territórios ocupados.
Na primeira rodada de negociações, realizada em 16 de maio, as partes concordaram em redigir memorandos expondo suas posições. Kiev afirma já ter apresentado seu documento e aguarda a contraparte russa, que se comprometeu a apresentar o texto apenas na segunda-feira, durante a reunião. O chefe da delegação ucraniana, ministro da Defesa Rustem Umerov, ressaltou que “a diplomacia deve ser substancial” e que espera que a próxima rodada traga resultados concretos.
Lavrov confirmou que a equipe russa redigiu um memorando que, segundo ele, descreve a posição de Moscou sobre todas as "causas profundas" do conflito — uma expressão frequentemente usada pelo Kremlin para justificar a invasão de 2022. Entre os pontos incluídos estariam a exigência de retirada da Ucrânia de quatro regiões parcialmente ocupadas que a Rússia afirma ter anexado, mesmo sem controle total sobre elas, além da promessa de que a OTAN não se expandirá mais para o leste, bloqueando a adesão da Ucrânia, Geórgia e Moldávia.
Outras exigências russas mencionadas incluem o levantamento de sanções ocidentais e a liberação de ativos russos congelados, além de garantir a “proteção dos falantes de russo” na Ucrânia — uma justificativa usada por Moscou desde o início da guerra, embora sem comprovação concreta de violações nesse sentido.
A delegação russa será liderada por Vladimir Medinsky, assessor do presidente Putin, enquanto a equipe ucraniana terá novamente à frente o ministro Umerov. Ainda não há confirmação sobre um eventual encontro direto entre os presidentes Putin e Zelenskyy, embora este último tenha demonstrado disposição para se reunir com ambos os líderes, incluindo o presidente americano Donald Trump. Zelenskyy declarou que aceita os formatos "Trump-Putin-Zelensky", "Trump-Putin" ou "Trump-Zelensky", com possíveis locais sugeridos para futuras conversas como Turquia, Suíça ou Vaticano.
Enquanto o processo diplomático avança, o presidente dos EUA intensifica a pressão sobre o Kremlin. Trump, ao ser questionado se Putin está disposto a negociar um acordo real de paz, respondeu: “Direi dentro de duas semanas”. A expectativa agora recai sobre o desdobramento das negociações em Istambul e os compromissos que, de fato, serão assumidos por ambas as partes.