“Ataques de drones da Rússia em Kherson configuram crimes contra a humanidade”

A Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre a Ucrânia concluiu que os ataques russos com drones na cidade de Kherson e em outras 16 localidades controladas pela Ucrânia equivalem a crimes contra a humanidade, especificamente de assassinato. O relatório, divulgado nesta quarta-feira (28), revela que as ofensivas russas resultaram na morte de quase 150 civis e deixaram centenas de feridos desde julho de 2024.

De acordo com a investigação, homens, mulheres e crianças foram atingidos enquanto realizavam atividades rotineiras, seja a pé ou em veículos. Os ataques, que se estendem por uma área de mais de 100 quilômetros ao longo da margem direita do rio Dnipro, na província de Kherson, apresentam um padrão sistemático, generalizado e coordenado. A comissão afirma que as forças russas não tomaram medidas para impedir os crimes, e que os alvos civis foram claramente identificados antes dos ataques.

O relatório se baseia em entrevistas com 90 moradores da região, além da análise de vídeos, documentos oficiais, imagens e mensagens compartilhadas na internet. Uma característica marcante apontada pela comissão é a utilização de drones com câmeras que transmitiam imagens em tempo real, permitindo aos operadores escolherem civis como alvos e lançarem explosivos diretamente sobre eles.

Além da violência física, o relatório destaca os danos psicológicos causados pelas ofensivas. Uma moradora de Poniativka relatou que seu marido morreu em seus braços, em setembro de 2024, após ser atingido e não receber socorro a tempo. Ela tentou conter o sangramento com uma camiseta, mas não teve sucesso. Ambulâncias, que têm proteção especial pelo direito internacional, também foram atingidas durante os resgates. Em novembro, um morador da aldeia de Stanislav contou que foi ferido por um drone enquanto pilotava uma motocicleta, e que, durante o atendimento emergencial, o veículo de resgate foi bombardeado por mais dois explosivos.

A comissão conclui que as forças armadas russas cometeram crimes de guerra ao direcionarem deliberadamente ataques contra a população civil, em clara violação das leis internacionais de proteção a não combatentes.