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Polícia
30/05/2025 00:00:00

Polícia Federal desarticula esquema milionário de venda de sentenças no STJ e TJ de Mato Grosso

Polícia Federal desarticula esquema milionário de venda de sentenças no STJ e TJ de Mato Grosso

A Polícia Federal revelou nesta quinta-feira (29) novos desdobramentos de um esquema de corrupção que ameaça a credibilidade do Judiciário brasileiro. A oitava fase da Operação Sisamnes investiga a comercialização de sentenças judiciais que teriam atingido tanto o Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). Um juiz do TJMT foi afastado do cargo por suspeita de integrar o esquema, que envolvia o pagamento de propinas milionárias em troca de decisões judiciais.

A ação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), incluiu mandados de busca e apreensão, além do bloqueio de bens no valor de R$ 30 milhões. O magistrado também foi proibido de deixar o país e teve o passaporte recolhido.

Conforme apuração da PF, o juiz participava de uma rede que negociava sentenças com empresários, operadores do direito e outras autoridades. Para disfarçar os pagamentos, o grupo montou um sistema complexo de lavagem de dinheiro, utilizando empresas de fachada e movimentações financeiras simuladas.

Os investigadores afirmam que o esquema ultrapassava os limites do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, alcançando também decisões no STJ, o que coloca em dúvida a lisura de julgamentos na principal instância da Justiça comum brasileira. Já foram identificados diversos processos que, segundo os indícios, teriam sido influenciados por essas práticas ilícitas.

Essa nova fase da investigação ocorre logo após a revelação da existência de um grupo paralelo composto por civis e militares, suspeito de operar como milícia especializada em espionagem e assassinatos sob encomenda. Esse núcleo, que cobrava até R$ 250 mil para executar alvos específicos, tinha como objetivo eliminar figuras influentes, incluindo autoridades do Judiciário e da política. Um dos casos investigados é o assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido em 2023, apontado como possível vítima dessa organização.

As descobertas mais recentes indicam um sistema de corrupção profundamente inserido nas estruturas institucionais, onde sentenças viram objeto de negociação e a integridade física de opositores se torna alvo. A Polícia Federal segue investigando a participação de outros magistrados e autoridades no esquema.