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Mundo
28/05/2025 20:00:00

Desastres naturais custam US$ 2,3 trilhões por ano e ONU alerta para riscos evitáveis como o desmatamento na Amazônia

Desastres naturais custam US$ 2,3 trilhões por ano e ONU alerta para riscos evitáveis como o desmatamento na Amazônia

Segundo relatório divulgado nesta terça-feira (28) pelo Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (Undrr), os prejuízos causados por catástrofes naturais atualmente ultrapassam os US$ 2,3 trilhões anuais. O impacto econômico é dez vezes maior do que as estimativas anteriores e afeta não apenas infraestrutura, mas também saúde, educação, moradia e empregos.

O estudo ressalta que quem nasceu em 1990 tem 63% de chance de viver uma grande inundação durante a vida, enquanto para nascidos em 2025, a probabilidade chega a 86%. O aumento na frequência e severidade dos desastres tem tornado a resposta humanitária global insustentável, conforme alertou Jenty Kirsch-Wood, chefe de análise de risco global do Undrr.

Kirsch-Wood defende investimentos mais inteligentes e preventivos, capazes de fortalecer a resiliência das populações e aliviar a pressão sobre os orçamentos públicos. Ela advertiu sobre três espirais que podem levar a um colapso sistêmico: endividamento combinado à perda de receitas, áreas consideradas inasseguráveis por companhias de seguros e a perpetuação de crises humanitárias.

O relatório aponta que muitos danos climáticos poderiam ser evitados com sistemas de financiamento mais eficazes. Um exemplo positivo citado foi Moçambique, onde ações antecipadas de combate à seca, implementadas com apoio da ONU, mostraram ser financeiramente mais vantajosas do que respostas emergenciais. Cada US$ 44,19 investido gerou um benefício de US$ 99 por família, reduzindo a mortalidade de animais, melhorando colheitas e garantindo segurança alimentar.

No Brasil, o desmatamento na região da Amazônia Meridional é destacado como um risco ambiental e econômico relevante. O relatório estima que, até 2050, o setor da soja poderá perder US$ 5,6 bilhões, enquanto o da carne bovina pode acumular perdas de até US$ 180,8 bilhões em um cenário de fraca governança ambiental. Por outro lado, os custos de conservação são estimados em US$ 19,5 bilhões — quase dez vezes menores que os prejuízos esperados com a degradação do bioma.

A transformação da floresta em savana, devido ao desmatamento adicional, também é apontada como um possível ponto de ruptura ambiental. A Undrr reforça que a maior parte dos recursos destinados a desastres ainda está voltada para resposta e reconstrução, e não para prevenção. Entretanto, dados mostram que cada dólar investido em redução de riscos pode resultar em uma economia de até US$ 15 em perdas futuras evitadas.

Por fim, a agência da ONU defende a ampliação de soluções como sistemas de alerta precoce, infraestrutura contra inundações e o envolvimento mais efetivo do setor privado para evitar que países vulneráveis permaneçam presos a ciclos sucessivos de tragédias climáticas.