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28/05/2025 09:00:00

Os cereais matinais são realmente bons para nós? Depende da escolha que fazemos

Os cereais matinais são realmente bons para nós? Depende da escolha que fazemos

Os cereais matinais são parte da rotina alimentar de milhões de pessoas ao redor do mundo, frequentemente associados a uma refeição prática e saudável. No entanto, especialistas alertam que nem todos os cereais são iguais e que muitos deles, por serem ultraprocessados, podem oferecer mais riscos do que benefícios à saúde, especialmente se contêm altos teores de açúcar, sal e aditivos químicos.

Esses produtos são feitos a partir de grãos como trigo, milho, arroz e aveia, que em sua forma integral fornecem fibras, vitaminas e minerais. Entretanto, muitos cereais passam por um intenso processamento industrial que retira suas partes mais nutritivas — como o pericarpo e o gérmen — e os transforma em farinhas refinadas, às quais são adicionados açúcares, aromatizantes, corantes e conservantes.

Historicamente, a ideia de consumir cereais no café da manhã surgiu com o médico americano John Harvey Kellogg, no século XIX, que buscava melhorar a alimentação de seus pacientes. Desde então, os cereais se popularizaram e passaram a ser vistos como fontes rápidas de energia e nutrientes.

Benefícios e armadilhas dos cereais matinais

Muitos cereais são fortificados com vitaminas e minerais, o que ajuda a suprir deficiências nutricionais em populações específicas, como vegetarianos, idosos, crianças e gestantes. Estudos apontam que a fortificação pode contribuir positivamente para a ingestão adequada de micronutrientes, sobretudo em dietas restritivas.

Além disso, cereais com alto teor de fibras alimentam bactérias benéficas no intestino e ajudam a manter a saúde digestiva. Ainda assim, a maioria das pessoas não consome fibras em quantidades suficientes, o que torna esses alimentos uma opção útil — desde que bem escolhida.

Por outro lado, o consumo de cereais ricos em açúcares simples pode causar picos de glicose no sangue, seguidos por quedas rápidas de energia, fome precoce e maior ingestão calórica ao longo do dia. Essa oscilação glicêmica, quando frequente, está associada ao aumento do risco de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e ganho de peso.

Nem todos os cereais são iguais

Existem cereais que oferecem boa nutrição. Muesli e granola com pouco açúcar e alta concentração de sementes, frutas secas e oleaginosas são ricos em fibras, proteínas e gorduras saudáveis. Mingaus feitos com flocos de aveia integrais, por exemplo, são digeridos mais lentamente e contribuem para a saciedade, controle do colesterol e regulação da insulina, graças ao beta glucano, uma fibra especial presente na aveia.

Entretanto, versões de aveia instantânea e cereais produzidos com farinhas finas tendem a ser absorvidas rapidamente pelo organismo, provocando picos glicêmicos semelhantes aos de açúcares refinados. Da mesma forma, cereais feitos com grãos refinados perdem a maior parte de suas propriedades benéficas, que estão presentes na casca e no gérmen dos grãos inteiros.

Como escolher melhor

Estudos apontam que pessoas que consomem regularmente cereais integrais, como muesli e farelo, têm menores índices de mortalidade e menores riscos de doenças como diabetes e problemas cardiovasculares. Já o consumo frequente de cereais açucarados está relacionado ao aumento da mortalidade por câncer.

Por isso, a recomendação dos especialistas é clara: leia os rótulos com atenção. Opte por cereais que contenham menos de cinco gramas de açúcar e mais de três gramas de fibra por porção. Acrescentar fontes de proteína e gordura boa, como iogurte natural, kefir, castanhas ou sementes, ajuda a equilibrar o índice glicêmico e aumenta o valor nutricional da refeição.

A nutricionista Sarah Berry, do King's College de Londres, resume bem: “Nem todos os alimentos ultraprocessados são ruins, mas é essencial avaliar o teor de açúcar, fibras e o impacto que eles têm no corpo. Um café da manhã equilibrado é aquele que sustenta energia, saciedade e bem-estar ao longo do dia.”

Em resumo, os cereais matinais podem sim fazer parte de uma alimentação saudável — mas isso depende inteiramente do tipo escolhido, da forma de preparo e dos acompanhamentos adicionados. Avaliar ingredientes, evitar produtos excessivamente açucarados e buscar composições mais naturais são passos fundamentais para transformar essa refeição em um verdadeiro aliado da saúde.