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Saúde
27/05/2025 08:00:00

Emergências cardíacas e neurológicas: quando buscar atendimento médico

Emergências cardíacas e neurológicas: quando buscar atendimento médico

Sensações comuns como cansaço excessivo, dor de cabeça, tontura e pressão baixa nem sempre são apenas sinais de um desconforto passageiro. Em alguns casos, esses sintomas podem ser indícios iniciais de condições graves, principalmente quando relacionados ao cérebro e ao coração. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), entre os anos de 2002 e 2019, as doenças cardíacas e os acidentes vasculares cerebrais (AVC) figuraram como as principais causas de morte em todo o mundo, alertando para o perigo de sinais muitas vezes negligenciados, como os associados à ressaca.

Como os sinais podem aparecer

É comum que sintomas como desidratação, tontura e pressão baixa surjam após exposição ao calor ou consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Porém, esses mesmos sinais também podem estar relacionados a emergências médicas. Saber identificar a diferença entre algo pontual e um problema mais sério é essencial para evitar complicações.

A neurologista Jamileh Chamma, do Hospital São Marcelino Champagnat, explica que o padrão de surgimento dos sintomas pode ser decisivo. "Quando se trata de efeitos do álcool, eles costumam surgir gradualmente. Mas em casos neurológicos ou cardíacos graves, os sintomas aparecem de forma súbita." Ela ressalta que perda de força, alterações na sensibilidade, mudanças na visão, tontura intensa e vômitos que não cessam devem ser tratados como sinais de alerta, especialmente quando surgem de maneira repentina. “Não se deve minimizar achando que é apenas uma ressaca. Somente um exame clínico e a avaliação médica adequada podem identificar corretamente a causa e iniciar o tratamento ideal”, afirma.

Fatores como altas temperaturas, má alimentação, pouca ingestão de líquidos e sono insuficiente também têm impacto direto na pressão arterial e podem aumentar o risco de problemas graves. “Excessos com bebidas, festas ou alimentação desregulada afetam a saúde e, quando combinados, tornam o risco ainda maior”, alerta Jamileh.

A importância da agilidade no atendimento

A rapidez com que se procura atendimento pode influenciar diretamente o desfecho de quadros como o AVC. Segundo a neurologista, o ideal é que o paciente seja atendido em até quatro horas e meia após o surgimento dos primeiros sintomas. Nesse intervalo, ainda é possível realizar intervenções médicas que minimizem ou revertam os danos cerebrais.

Em relação às doenças cardíacas, o cardiologista Gustavo Lenci, também do Hospital São Marcelino Champagnat, destaca que dores no peito jamais devem ser ignoradas. “Não é normal sentir dor no peito. Mesmo que pareça ansiedade ou cansaço, o ideal é procurar avaliação, pois pode se tratar de um infarto”, alerta.

Outros sinais preocupantes incluem cansaço extremo para realizar atividades simples, como andar por curtas distâncias, e sensação de falta de ar. “Se a pessoa sente dificuldade para respirar mesmo com pouco esforço, é sinal de que precisa buscar ajuda médica”, afirma Gustavo.

O inchaço corporal também deve ser observado com atenção. Ainda que existam causas menos graves, como varizes ou problemas circulatórios, o inchaço em pernas e pés associado à falta de ar pode indicar insuficiência cardíaca. “Se o inchaço vier acompanhado de outros sintomas, é necessário investigar. Pode ser algo mais sério”, ressalta o cardiologista.

Não ignore os sinais do corpo

Muitas pessoas hesitam em procurar atendimento por medo de estarem exagerando. No entanto, qualquer sintoma que cause incômodo ou levante dúvidas deve ser avaliado por um profissional. “A diferença entre um susto e uma emergência real pode estar justamente na decisão de procurar ou não atendimento médico”, observa Gustavo Lenci.

A orientação dos especialistas é clara: mesmo que os sintomas desapareçam sozinhos, isso não significa que o problema foi resolvido. Episódios temporários podem ser avisos de situações mais graves que estão se desenvolvendo. Buscar atendimento em tempo hábil pode evitar sequelas e garantir maior eficácia no tratamento. “Os sinais do corpo não devem ser ignorados. Eles servem de alerta para que algo seja feito antes que a situação se agrave”, conclui Jamileh.