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Guerra
26/05/2025 06:00:00

A caçada promovida por Rússia e Ucrânia contra mercenários brasileiros

A caçada promovida por Rússia e Ucrânia contra mercenários brasileiros

Em meio à guerra mais documentada da história, Rússia e Ucrânia abriram uma nova frente de combate: a guerra da informação. Ambas as nações estão usando redes sociais e sites para localizar e monitorar brasileiros que se envolveram diretamente no conflito no Leste Europeu, lutando ao lado de tropas russas ou ucranianas.

Um dos esforços mais visíveis partiu do projeto ucraniano Quero Viver, que publicou recentemente uma lista com 38 brasileiros identificados como combatentes ao lado das Forças Armadas da Rússia, especificamente na 144ª Divisão de Fuzileiros Motorizados. O material foi divulgado em 15 de maio, pouco após a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Moscou.

Vinculado ao Ministério da Defesa da Ucrânia, o Quero Viver busca incentivar soldados russos e estrangeiros a se renderem voluntariamente. A iniciativa promete respeitar os tratados internacionais, garantir cuidados médicos, alimentação e até a possibilidade de asilo na Ucrânia ou em outros países europeus.

Brasileiros sob falsas promessas

Segundo o governo ucraniano, há denúncias de que muitos estrangeiros, incluindo brasileiros, estariam sendo aliciados pela Rússia com promessas enganosas de emprego. Ao chegarem ao território russo, porém, os supostos contratados seriam forçados a assinar documentos e enviados diretamente para o front.

Essa narrativa se assemelha ao relato de familiares de Caio Henrique de Lima, jovem de Três Lagoas (MS), que teria viajado para a Rússia atraído por uma oferta de trabalho. No entanto, ao chegar ao país, teria sido enviado para o campo de batalha contra sua vontade. Meses depois, já de volta ao Brasil, Caio negou a versão divulgada por seus parentes e pelo Itamaraty. “Cheguei a Moscou, procurei um ponto de alistamento para entender como funcionava, e me alistei normalmente, como qualquer cidadão”, declarou.

Ucrânia também recruta brasileiros

Ao mesmo tempo em que tenta desmobilizar estrangeiros ao lado da Rússia, a Ucrânia intensifica sua própria campanha de recrutamento. Desde os primeiros dias da invasão russa, o governo de Volodymyr Zelensky criou a Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia. A iniciativa surgiu acompanhada de um apelo global do presidente ucraniano, convidando voluntários a se unirem na luta contra as forças de Moscou.

Hoje, a página de recrutamento da Legião já possui versão em português e detalha os salários oferecidos aos interessados, que variam entre US$ 550 e US$ 4.800, conforme o cargo e o nível de risco da função. Os valores, embora acompanhados de grande perigo, têm atraído brasileiros interessados em se alistar.

Mensagens como “Oi, pessoal, boa noite! Eu estou em Kiev agora, quero entrar no Exército da Ucrânia. Alguém pode me ajudar?” têm se tornado frequentes em grupos online que reúnem brasileiros vivendo na Ucrânia.

Apesar da movimentação crescente, Kiev não divulga dados oficiais sobre o número de brasileiros em sua linha de frente. Estimativas extraoficiais, porém, indicam que até 100 brasileiros podem estar incorporados à Legião Internacional, reforçando o papel do Brasil como peça incomum, porém presente, nesse cenário de guerra globalizada.