12/06/2025 21:11:23

Acidente
24/05/2025 18:00:00

Grupo de risco: conheça vacinas essenciais para pessoas com diabetes

Grupo de risco: conheça vacinas essenciais para pessoas com diabetes

Pessoas com diabetes mellitus estão entre os grupos com maior vulnerabilidade a infecções graves. A resistência à insulina e os níveis elevados de glicose no sangue comprometem o funcionamento do sistema imunológico, reduzindo a eficácia dos glóbulos brancos, principais células de defesa do organismo. Segundo a endocrinologista Tarissa Petry, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, as infecções também agravam o controle glicêmico, provocando uma reação inflamatória que diminui ainda mais a ação da insulina.

Diante desse cenário, especialistas reforçam que manter o calendário vacinal em dia é uma estratégia fundamental para prevenir complicações e preservar a saúde dessas pessoas. O pediatra e infectologista Marco Aurélio Safadi, coordenador do Departamento de Imunização da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), destaca que o esquema de imunização completo e atualizado é essencial para reduzir a mortalidade nesse grupo, especialmente nas diferentes faixas etárias.

Vacinas indispensáveis para pessoas com diabetes

Gripe: Embora subestimada, a gripe representa um risco significativo para quem convive com doenças crônicas. Estima-se que 70% das mortes por influenza no Brasil ocorram entre os grupos de risco, com a diabetes presente em 20% a 30% dos casos. A vacina trivalente está disponível gratuitamente em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE).

Pneumocócica: Pessoas com diabetes têm risco até 50% maior de desenvolver pneumonia após infecções respiratórias, além de estarem quatro vezes mais propensas a contrair meningite por doenças pneumocócicas. O esquema vacinal recomendado combina duas vacinas: a VPC10, aplicada em crianças e oferecida pelo SUS, e a VPP20, indicada a partir dos dois anos de idade, disponível nos CRIE. São necessárias duas doses com intervalo de cinco anos, e uma terceira para quem tomou a segunda antes dos 60 anos.

Herpes-zóster: Apesar de não estar disponível na rede pública, especialistas indicam que a vacinação contra a herpes-zóster seja feita na rede privada, especialmente para adultos com mais de 50 anos. O risco da doença aumenta significativamente após os 65 anos, sobretudo em pessoas com diabetes.

Hepatite B: Portadores de diabetes tipo 2 têm risco duplicado de desenvolver complicações hepáticas graves se infectados pelo vírus da hepatite B. A vacina está disponível na rede pública e privada, com três doses. Recomenda-se a realização do exame Anti-HBs após a última dose para confirmar a imunização. Em caso de baixa resposta, o esquema deve ser repetido.

VSR (Vírus Sincicial Respiratório): Embora a vacina esteja disponível no SUS apenas para bebês, idosos e pessoas com comorbidades podem obtê-la na rede privada. O vírus representa risco potencialmente fatal para pessoas com diabetes.

Além dessas, o esquema vacinal deve incluir todas as imunizações do calendário nacional, como tétano, tríplice viral, hepatite A, febre amarela e HPV.

Desinformação ainda é obstáculo

Apesar das orientações médicas, muitos pacientes com diabetes ainda não recebem informações adequadas sobre a importância da vacinação. Segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a baixa cobertura da atenção básica e a ausência de campanhas específicas dificultam a adesão. A cartilha da entidade destaca que, fora de grandes campanhas, a população raramente recebe orientações sobre vacinas.

O acesso desigual à vacinação, especialmente em áreas afastadas dos centros urbanos, agrava ainda mais esse cenário. A ampliação das campanhas de conscientização é apontada como uma das principais estratégias para alcançar melhores índices de cobertura vacinal.

Infecções como possíveis gatilhos da diabetes tipo 1

Além da proteção contra complicações, estudos investigam se algumas vacinas podem prevenir o surgimento do diabetes tipo 1 (DM1), que normalmente aparece na infância ou adolescência. Essa forma da doença ocorre quando o sistema imunológico ataca as células produtoras de insulina no pâncreas. De acordo com a médica Solange Travassos, vice-presidente da SBD, a DM1 tem origem genética, mas depende de um gatilho ambiental, como uma infecção viral.

Entre os vírus apontados como possíveis gatilhos estão o rotavírus, cuja vacina oral é administrada em crianças menores de seis meses, e os enterovírus, causadores de doenças como a Mão-Pé-Boca e a poliomielite — ambas preveníveis com vacina.

Dessa forma, a vacinação regular em pessoas com diabetes não apenas reduz o risco de agravamento de infecções, como também pode ter um papel preventivo em relação ao desenvolvimento de certas formas da doença.