O FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, está investigando se o ataque ocorrido na última quarta-feira (21), que resultou na morte de dois funcionários da embaixada israelense em Washington, teria sido motivado por crime de ódio ou se está relacionado a algum ato de terrorismo. O autor do ataque gritou “Palestina livre” no momento em que foi detido.
Desde os ataques promovidos pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023 e a posterior ofensiva militar israelense em Gaza, muitos debates têm surgido nas redes sociais e em espaços públicos sobre a distinção entre antissemitismo e antissionismo.
O que significam esses termos?
Antissemitismo é o preconceito contra judeus, algo que atravessa séculos de história. Já o antissionismo é, em termos gerais, a oposição à existência do Estado de Israel.
O que é antissemitismo?
O povo judeu vem enfrentando hostilidade, perseguições e discriminação há muito tempo. Um dos momentos mais trágicos dessa história foi o Holocausto, durante a Segunda Guerra Mundial, quando aproximadamente seis milhões de judeus foram mortos por forças nazistas e seus aliados.
Nos tempos atuais, o antissemitismo pode aparecer de diferentes formas, como em teorias da conspiração que atribuem aos judeus o controle de setores como o sistema financeiro e os meios de comunicação, em ataques a sinagogas, em discursos ofensivos ou ainda por meio de memes e insultos nas redes sociais.
Em alguns casos, há divergência sobre se determinados comentários ou críticas relacionadas a Israel configuram ou não atitudes antissemitas.
O que é sionismo?
O sionismo surgiu no final do século 19 na Europa como um movimento político que defendia o estabelecimento de uma pátria para o povo judeu na região da Palestina, identificada pelos judeus como a Terra de Israel.
Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) recomendou a divisão da Palestina em dois Estados — um judeu e outro árabe — e, no ano seguinte, foi proclamada a criação do Estado de Israel.
Desde então, parte da população árabe que vivia na Palestina e em territórios vizinhos passou a ver a criação de Israel como uma negação de seus direitos.
Nos dias de hoje, os sionistas defendem a preservação e o fortalecimento do Estado de Israel como nação judaica. Há divergências dentro do próprio movimento: alguns acreditam que Israel tem direito a territórios além dos atuais, enquanto outros defendem uma atuação mais restrita.
A maioria dos judeus compartilha dos princípios fundamentais do sionismo, ou seja, a existência de um Estado judeu. No entanto, há também judeus que rejeitam o sionismo por motivos religiosos ou políticos. O sionismo não é exclusivo de judeus — há não judeus que também se identificam com o movimento.
O que é antissionismo?
O antissionismo pode ser entendido como a oposição à existência do Estado de Israel. Ele se distingue de críticas pontuais a decisões ou políticas de governos israelenses. Muitos críticos do sionismo condenam ações específicas, como a ocupação da Cisjordânia, a construção de assentamentos ou a barreira de separação, cuja rota é polêmica. Enquanto Israel alega que a construção é uma medida de segurança, os palestinos e seus apoiadores afirmam que se trata de uma forma de apropriação de terras.
Diante de críticas mais severas a Israel, pode ser difícil determinar se a motivação é puramente política ou se está ligada ao preconceito contra judeus. Isso leva a debates sobre se o antissionismo seria, em muitos casos, uma forma disfarçada de antissemitismo.
A Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) afirma que algumas acusações dirigidas a Israel podem ser consideradas antissemitas. Já os que discordam dessa visão alegam que essa posição é usada por apoiadores de Israel para deslegitimar críticas legítimas ao Estado, rotulando-as automaticamente como racismo.
Algumas pessoas apontam que o uso pejorativo do termo “sionista” pode servir como ataque disfarçado ao povo judeu. Por outro lado, há quem afirme que o governo de Israel e seus apoiadores confundem propositalmente antissionismo com antissemitismo para evitar críticas.
O debate continua aceso, especialmente em tempos de conflito, quando sentimentos políticos, religiosos e étnicos se entrelaçam de forma complexa.