Moraes ameaça prender alagoano Aldo Rebelo por desacato durante audiência da ação do golpe
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ameaçou nesta sexta-feira (23) prender por desacato o ex-deputado federal e ex-ministro alagoano Aldo Rebelo, durante audiência que integra a investigação sobre a tentativa de golpe de Estado no final de 2022. A sessão, realizada por videoconferência, teve momentos de tensão entre Moraes e Rebelo, que prestava depoimento como testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier.
Durante a oitiva, o ministro exigiu que o depoente se limitasse a responder objetivamente às perguntas. A discussão começou quando Aldo tentou interpretar uma suposta fala de Garnier em reunião com o então presidente Jair Bolsonaro, em que se discutia a decretação de medidas de exceção, como estado de sítio ou operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Segundo as investigações, Garnier teria colocado a Marinha à disposição de Bolsonaro nessas circunstâncias.
Ao afirmar que a Língua Portuguesa possui muitas “forças de expressão” e que sua análise deveria ser considerada, Rebelo foi interrompido por Moraes: “O senhor estava na reunião? Então, não tem condições de avaliar a língua portuguesa.” O ex-deputado reagiu dizendo que não admitia censura, o que levou o ministro a adverti-lo: “Se o senhor não se comportar, será preso por desacato.”
A audiência faz parte da etapa de escuta das testemunhas de defesa e acusação, que ocorre entre os dias 19 de maio e 2 de junho. Após essa fase, os réus, incluindo Jair Bolsonaro, serão interrogados, embora a data ainda não tenha sido definida.
O processo investiga o chamado “núcleo 1” da suposta tentativa de golpe, que reúne os principais nomes envolvidos e cuja denúncia foi aceita por unanimidade pela Primeira Turma do STF em 26 de março. São eles:
Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
Walter Braga Netto, general do Exército e ex-ministro;
General Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional;
Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin;
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF;
Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
Paulo Sérgio Nogueira, general do Exército e ex-ministro da Defesa;
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator.
O embate entre Moraes e Aldo Rebelo evidenciou a rigidez da condução do processo, reforçando o clima de tensão em torno das apurações sobre a tentativa de ruptura institucional.