Durante uma reunião realizada em Istambul, na Turquia, representantes do governo russo afirmaram estar dispostos a prolongar a guerra contra a Ucrânia por tempo indefinido, caso Kiev não aceite as exigências impostas por Moscou. A declaração foi divulgada pelo vice-ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Sergiy Kyslytsya, que integrou a comitiva ucraniana no encontro. A informação foi veiculada pela rede de notícias TVP World.
“Teve um momento arrepiante, quando os russos ameaçaram seus interlocutores como gângsteres”, publicou Kyslytsya na plataforma X. Segundo ele, Vladimir Medinsky, que liderou a delegação russa, afirmou: “Talvez alguns dos que estão sentados aqui nesta mesa ainda percam mais entes queridos. A Rússia está preparada para lutar para sempre”.
Essa reunião representou o primeiro contato direto entre os dois países desde março de 2022, apenas um mês após o início da ofensiva russa em território ucraniano. O encontro durou cerca de 90 minutos, foi impulsionado por pressões do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas terminou sem avanços concretos. O governo norte-americano vem cobrando resultados imediatos e já sinalizou que poderá aplicar novas sanções contra Moscou caso o processo de negociação continue sem progresso.
Durante o diálogo, a delegação russa reiterou a exigência de que as tropas ucranianas abandonem todas as áreas que Moscou reivindica como parte de seu território. Medinsky teria ainda citado a Grande Guerra do Norte, conflito entre Rússia e Suécia ocorrido entre 1700 e 1721, como exemplo da disposição do Kremlin em prolongar confrontos armados. “Lutamos contra a Suécia por 21 anos. Por quanto tempo vocês estão dispostos a lutar?”, teria questionado os representantes da Ucrânia.
Após o impasse, Kiev aumentou os apelos por uma postura mais firme da comunidade internacional. Donald Trump, que prometeu buscar uma solução definitiva para o conflito, declarou no sábado (17) que pretende conversar com os presidentes Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin ainda nesta semana.