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Conteúdo Especial
22/05/2025 08:00:00

A incrível conexão entre intestino e cérebro que influencia a saúde e as emoções

A incrível conexão entre intestino e cérebro que influencia a saúde e as emoções

A incrível conexão entre intestino e cérebro que influencia a saúde e as emoções

Cientificamente comprovado, o vínculo entre o sistema digestivo e o sistema nervoso é muito mais complexo e importante do que se imaginava. O intestino, que contém mais de 100 milhões de células nervosas e produz cerca de 95% da serotonina — neurotransmissor essencial para o bem-estar — exerce influência direta sobre o cérebro e, consequentemente, sobre o humor, o comportamento e a saúde geral.

Essa comunicação ocorre por meio de três vias principais: o nervo vago, que conecta diretamente o cérebro aos órgãos como coração e intestinos; os hormônios, como grelina e GLP-1, que enviam sinais entre os sistemas; e o sistema imunológico, já que grande parte das células de defesa do corpo opera no intestino.

Especialistas como a gastroenterologista Saliha Mahmood Ahmed e o neurogastroenterologista Pankaj Pasricha, da Clínica Mayo, explicam que essa conexão se deve, em parte, à função vital do intestino na geração de energia para o corpo — incluindo o cérebro, que consome 20% da energia total do organismo, apesar de representar apenas 2% do seu peso.

Essa ligação é sentida no cotidiano: náuseas em momentos de estresse, as “borboletas no estômago” ao se apaixonar ou a irritabilidade causada por constipação ilustram como emoções e estado intestinal estão entrelaçados.

Além da parte fisiológica, o intestino abriga a microbiota intestinal — um ecossistema com trilhões de microrganismos como bactérias, fungos e vírus que superam, em número, as células do próprio corpo. Esse conjunto tem papel fundamental na digestão de alimentos e na regulação do sistema imune, além de estar associado a diversas condições, como obesidade, doenças cardíacas, câncer, ansiedade e depressão, especialmente quando ocorre um desequilíbrio chamado disbiose.

Estudos sugerem que eventos como irritações gástricas na infância podem influenciar o desenvolvimento de distúrbios mentais ao longo da vida. No entanto, apesar das evidências, ainda não há comprovação direta de que a disbiose seja a causa de doenças psicológicas ou se é apenas uma consequência delas.

A boa notícia é que hábitos alimentares podem influenciar positivamente essa microbiota. Embora não exista uma fórmula universal, especialistas recomendam uma dieta diversificada, rica em alimentos vegetais, fibras, probióticos (como iogurtes naturais, kefir e kombucha) e prebióticos (frutas, verduras, leguminosas e grãos integrais), que ajudam a alimentar as bactérias benéficas do intestino.

Pesquisas, como um estudo realizado na Universidade de Oxford com pessoas com depressão, apontam que o consumo de probióticos pode interferir positivamente no processamento emocional do cérebro. Os participantes que consumiram probióticos por quatro semanas mostraram menor tendência a perceber estímulos negativos. Apesar de promissores, esses achados ainda precisam de confirmação científica mais robusta.

Os avanços nesse campo estão ajudando a montar um quebra-cabeça que pode transformar a forma como entendemos doenças emocionais e físicas. Embora mudanças no microbioma possam levar anos e sejam difíceis de manter, a ciência reforça que cuidar do intestino é também uma forma de cuidar da mente.