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Guerra
21/05/2025 14:00:00

Putin conquista vitória diplomática em conversa com Trump e afasta possibilidade de cessar-fogo na Ucrânia

Putin conquista vitória diplomática em conversa com Trump e afasta possibilidade de cessar-fogo na Ucrânia

Vladimir Putin alcançou um importante avanço diplomático após uma conversa por telefone com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O diálogo resultou na imposição de novos entraves às tratativas de paz entre Rússia e Ucrânia, sinalizando que o conflito deverá se prolongar por tempo indeterminado. “Não há cronograma e não pode haver”, afirmou nesta terça-feira (20) o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em declaração reproduzida pelo jornal The Washington Post.

A estratégia russa agora prevê que cada parte redija sua própria proposta de tratado de paz, adiando discussões efetivas sobre um cessar-fogo. “O diabo está nos detalhes. Serão preparados rascunhos por russos e ucranianos. Esses documentos serão trocados e, depois, virão contatos difíceis para unificar os textos”, explicou Peskov.

Trump, que vinha defendendo a suspensão imediata dos combates, retirou essa exigência como pré-condição para abrir diálogo com Moscou. Para Kiev e líderes europeus, o recuo americano representa um sinal preocupante e uma vitória política significativa para Putin.

“Infelizmente, nada mudou em relação ao que já vivemos”, declarou o assessor da presidência ucraniana, Mykhailo Podolyak. Ele afirmou que “Europa e Ucrânia querem um cessar-fogo agora, mas os EUA ainda agem como se a Rússia fosse ceder apenas por interesses comerciais”.

Moscou continua a condicionar qualquer trégua ao cumprimento de exigências consideradas inaceitáveis por Kiev, como o fim do apoio militar ocidental, a redução das Forças Armadas ucranianas e a desistência da entrada do país na Otan. Para Peskov, a guerra só será encerrada quando forem “eliminadas suas causas originais” — expressão usada pelo Kremlin para se referir à instalação de um governo alinhado a Moscou em Kiev.

A conversa entre os dois líderes foi interpretada pelo governo russo como sinal de reaproximação. “Eles discutiram em detalhes o futuro das relações bilaterais, e Trump falou com emoção sobre o potencial dessas relações. Ele reiterou que deseja laços baseados em respeito mútuo e benefícios recíprocos com a Rússia, considerando seu papel global e peso econômico”, relatou o conselheiro do Kremlin Yuri Ushakov.

No Senado russo, a avaliação é que a conversa resultou na formação de dois blocos distintos de negociação. “A sensação é de que se formaram, finalmente, dois grupos: um russo-americano, que busca a paz; e outro ucraniano-europeu, que considera continuar a guerra”, afirmou o senador Konstantin Kosachev.

O papel do papa Leão XIV

Sem um mediador internacional efetivo até o momento, o Vaticano surgiu como opção possível para sediar futuras conversas de paz. A ideia foi discutida em Roma durante a cerimônia de posse do novo papa, Leão XIV, que contou com a presença do vice-presidente dos EUA, JD Vance, e do secretário de Estado, Marco Rubio.

Segundo um diplomata italiano, “o Vaticano é visto como um mediador aceitável, e os americanos demonstraram preferência por essa via em relação a outros espaços neutros. A Santa Sé representa um lugar da civilização ocidental em que se pode falar sobre paz”.

Durante sua primeira bênção dominical, o pontífice norte-americano manifestou preocupação com a guerra. “Carrego no coração os sofrimentos do amado povo ucraniano. Que tudo seja feito para alcançar uma paz verdadeira, justa e duradoura, o mais rápido possível. Que todos os prisioneiros sejam libertos e as crianças, devolvidas às suas famílias.”