O Exército de Israel ordenou nesta segunda-feira (19/05) a evacuação imediata de Khan Yunis, a segunda maior cidade da Faixa de Gaza, habitada por mais de 200 mil pessoas. O governo israelense classificou a ação como parte de um “ataque sem precedentes” e declarou toda a área como “zona de combate perigosa”, intensificando a nova fase da ofensiva militar na região.
A medida foi acompanhada por uma nova declaração do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que reafirmou o plano de Israel de assumir o controle total da Faixa de Gaza. "Vamos controlar todas as partes de Gaza. Mas temos que fazer isso de uma maneira que não sejamos impedidos", afirmou em mensagem de vídeo.
Ajuda humanitária mínima após pressão internacional
Diante de críticas crescentes, inclusive de aliados históricos, Netanyahu autorizou a entrada “mínima” de ajuda humanitária no enclave palestino. Segundo ele, o bloqueio mantido por mais de dois meses visava pressionar o grupo Hamas pela libertação de reféns, mas imagens de pessoas famintas começaram a minar o apoio internacional a Israel.
Senadores norte-americanos e líderes de outros países manifestaram preocupação com as consequências humanitárias. “Estamos nos aproximando de uma linha vermelha”, teria ouvido Netanyahu de aliados, segundo relato feito por ele próprio. Em resposta, 50 caminhões com alimentos e suprimentos foram autorizados a entrar em Gaza, embora a ONU tenha informado que apenas nove conseguiram efetivamente atravessar.
Mortes e novos ataques aéreos
A ofensiva militar foi intensificada nas últimas 48 horas sob o nome de “Operação Carruagens de Gideão”. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, pelo menos 40 palestinos foram mortos apenas nesta segunda-feira, incluindo sete pessoas que estavam abrigadas em uma escola em Nuseirat e três em uma residência próxima a Deir Al-Balah. O Exército de Israel afirma ter atacado 160 alvos, incluindo túneis, estoques de armas e posições militares do Hamas.
Nos últimos oito dias, os ataques aéreos já resultaram na morte de cerca de 500 pessoas, segundo autoridades locais. A guerra, iniciada em outubro de 2023 após ataques do Hamas que deixaram cerca de 1.200 mortos em Israel, já causou mais de 53 mil mortes em Gaza, de acordo com dados do governo palestino.
Negociações estagnadas e ameaças de sanções
Apesar das tentativas de intermediação no Catar, as negociações indiretas entre Israel e o Hamas seguem sem avanços. Netanyahu confirmou que houve discussões sobre uma nova trégua e um possível acordo envolvendo a libertação de reféns e o exílio de líderes do Hamas, mas sem resultados concretos. O Hamas, por sua vez, acusa Israel de minar o diálogo com a intensificação dos ataques.
Em resposta à escalada do conflito, 22 países, incluindo Austrália, França, Reino Unido e Alemanha, exigiram a liberação total da ajuda humanitária a Gaza. Em nota separada, Reino Unido, França e Canadá ameaçaram impor sanções ao governo israelense caso a ofensiva militar continue e o bloqueio à assistência persista. “A recusa em permitir ajuda essencial pode violar a Lei Humanitária Internacional”, advertiram.
Com a população de Gaza deslocada quase em sua totalidade, a crise humanitária se agrava a cada dia, enquanto a pressão global por um cessar-fogo definitivo cresce.