O "efeito porta" é um fenômeno descrito pelo cientista cognitivo Tom Stafford, que ocorre quando uma pessoa esquece o que estava prestes a fazer ao atravessar uma porta e entrar em um novo ambiente. Esse tipo de lapso de memória é mais comum do que parece e está diretamente relacionado à forma como o cérebro processa informações em diferentes contextos.
De acordo com a neurologista Cristiane Maria da Rocha, professora do curso de Medicina da Faculdade Santa Marcelina, o "efeito porta" acontece principalmente porque o ato de atravessar uma porta simboliza uma transição. “Ao mudar de ambiente, o foco de atenção também muda, o que segmenta a memória e dificulta a recuperação da lembrança”, explica.
Embora o efeito porta seja geralmente inofensivo, ele pode se tornar um sinal de alerta se ocorrer com frequência ao longo do dia. A Dra. Cristiane enfatiza que esses episódios podem estar relacionados a uma sobrecarga cognitiva, resultante do excesso de informações e estímulos que o cérebro precisa processar na vida moderna.
“Nosso cérebro não foi projetado para lidar com tantas informações ao mesmo tempo. Isso pode levar ao esgotamento mental, afetando o córtex cerebral e causando uma mente agitada, com dificuldades de concentração, baixa tolerância e perda da capacidade de memória”, observa a especialista.
Estresse e cansaço: A pressão do dia a dia e a falta de descanso adequado podem sobrecarregar o cérebro.
Distração constante: O uso excessivo de dispositivos eletrônicos reduz a capacidade de concentração.
Falta de sono: O sono inadequado afeta diretamente o armazenamento e a recuperação de informações.
Estilo de vida sedentário: A ausência de atividade física pode comprometer a saúde cerebral.
Segundo a Dra. Cristiane, é fundamental buscar orientação médica se os lapsos de memória se tornarem frequentes e interferirem na vida cotidiana, como esquecer compromissos importantes, perder o rumo em lugares conhecidos ou deixar tarefas inacabadas. Nesses casos, o acompanhamento com um neurologista é recomendado para uma avaliação mais detalhada.
Para reduzir os lapsos de memória e manter o foco, a especialista sugere algumas práticas simples:
Atividades físicas regulares: Especialmente exercícios aeróbicos, que melhoram a circulação e a saúde do cérebro.
Leitura constante: Estimular a mente com novos conhecimentos fortalece a memória.
Sono reparador: Priorizar noites de sono adequadas para permitir a recuperação cerebral.
Alimentação equilibrada: Nutrientes adequados são essenciais para o bom funcionamento do cérebro.
Uso consciente da tecnologia: Limitar o tempo de exposição a telas e evitar distrações constantes.
Ao adotar essas estratégias, é possível proteger o cérebro dos efeitos da sobrecarga cognitiva e garantir uma memória mais eficiente.