No domingo, 18 de maio de 2025, mais de 100 mil pessoas participaram de uma manifestação na cidade de Haia, Países Baixos, exigindo que o governo neerlandês adote medidas concretas para pôr fim ao conflito em Gaza. Vestidos de vermelho, os manifestantes marcharam em um protesto pacífico que percorreu cinco quilômetros pelo centro da cidade, formando simbolicamente uma "linha vermelha" em solidariedade ao povo palestino.
O evento foi organizado por grupos de direitos humanos e agências de ajuda, incluindo a Anistia Internacional, Save the Children e Médicos Sem Fronteiras, que descreveram a manifestação como a maior realizada no país nas últimas duas décadas. Entre os participantes estavam pessoas de todas as idades, desde idosos até bebês acompanhados de suas famílias.
Roos Lingbeek, uma professora que participou da marcha ao lado do marido e da filha de 12 semanas, expressou esperança de que o protesto servisse como um alerta para o governo neerlandês. O cartaz que carregavam tinha uma mensagem clara e direta: "STOP".
A marcha passou pelo Palácio da Paz, sede do Tribunal Internacional de Justiça das Nações Unidas. No ano passado, o tribunal ordenou que Israel fizesse tudo ao seu alcance para evitar mortes e destruição em Gaza, reforçando a responsabilidade internacional na proteção de civis.
Marjon Rozema, representante da Anistia Internacional, discursou durante o protesto, pedindo ao governo neerlandês que interrompa o apoio político, econômico e militar a Israel enquanto o país continuar a bloquear o acesso a ajuda humanitária em Gaza e cometer violações dos direitos humanos. "Apelamos ao governo neerlandês para que ponha fim ao apoio a Israel enquanto este país bloquear o acesso a fornecimentos de ajuda e for culpado de genocídio, crimes de guerra e violações estruturais dos direitos humanos em Gaza e nos Territórios Palestinianos Ocupados", afirmou.
O protesto em Haia também evidenciou as profundas divisões políticas sobre o conflito israelo-palestino dentro do governo neerlandês. O líder de extrema-direita Geert Wilders, do Partido da Liberdade, fortemente pró-Israel, criticou os manifestantes nas redes sociais, acusando-os de apoiar o Hamas e classificando-os como "confusos".
Em contraste, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Caspar Veldkamp, do partido de centro-direita VVD, defendeu uma revisão do acordo comercial da União Europeia com Israel, afirmando que o bloqueio imposto a Gaza viola o direito internacional. Essa posição gerou críticas de Wilders, que considerou a proposta uma "afronta à política do governo".
A manifestação em Haia é um reflexo do crescente descontentamento da sociedade neerlandesa em relação ao apoio do governo a Israel e destaca a pressão popular por uma postura mais crítica em relação ao conflito no Oriente Médio.