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Guerra
18/05/2025 02:00:00

"Única maneira de deter Putin é armar a Ucrânia"

Para Andrei Kozyrev, ex-ministro do Exterior da Rússia entre 1990 e 1996, a única forma eficaz de conter o avanço militar russo e forçar Vladimir Putin a considerar uma negociação séria é fornecer armas à Ucrânia. Em entrevista à DW, Kozyrev destacou que o presidente russo já se acostumou com as ameaças do Ocidente, que não se concretizam em apoio prático e significativo a Kiev, enquanto os aliados da Rússia, como Coreia do Norte e Irã, não apenas fornecem armas, mas também envolvem diretamente suas forças no conflito.

Segundo o ex-chanceler, os países europeus possuem capacidade militar para apoiar a Ucrânia de forma decisiva e obrigar Moscou a recuar, mas não demonstram a mesma determinação que os aliados orientais de Putin. Ele observa que, enquanto esses países fornecem armamentos e até mesmo tropas, o Ocidente permanece hesitante, limitando-se a retórica de ameaças que não impactam o líder russo.

"Nem Trump nem os aliados ocidentais fazem pela Ucrânia o que os aliados da Rússia fazem por Moscou"

Para Kozyrev, essa falta de ação prática é uma prova da fragilidade da postura ocidental, que, segundo ele, tem medo da chantagem nuclear de Putin. No entanto, o ex-ministro acredita que o presidente russo nunca usaria armas nucleares apenas por causa da Ucrânia, considerando isso uma mera estratégia de intimidação.

Kozyrev, que atualmente vive nos Estados Unidos, criticou a posição do ex-presidente americano Donald Trump, afirmando que não há sinais de que ele estaria disposto a agir concretamente em apoio a Kiev. Ele destacou que Trump e outros líderes ocidentais demonstram uma falta de disposição para fornecer o suporte militar necessário, deixando a Ucrânia em desvantagem diante da força russa.

"O Ocidente tem poder de fogo, mas falta vontade política"

O ex-ministro foi enfático ao afirmar que países como França, Alemanha e Reino Unido possuem capacidade de armar rapidamente a Ucrânia e mudar o curso da guerra, mas a relutância política impede essa ação. Para ele, o que é necessário não são apenas promessas e discursos, mas o envio concreto de armamentos e apoio estratégico, o que poderia forçar a Rússia a recuar para suas fronteiras.

Em sua visão, a verdadeira liderança ocidental deve reconhecer que apoiar a Ucrânia não é apenas uma questão moral, mas também uma defesa dos próprios interesses estratégicos e econômicos do Ocidente. Ele alerta que, enquanto a hesitação prevalece entre os líderes europeus e americanos, Putin segue explorando essa fraqueza para continuar sua campanha militar.

A pressão sobre Trump e o papel dos Estados Unidos

Kozyrev também comentou sobre a política americana em relação ao conflito, destacando que, mesmo com Trump demonstrando uma inclinação para ignorar a Ucrânia, há uma pressão significativa da opinião pública e do Congresso americano para que o país mantenha seu apoio a Kiev. O ex-ministro lembrou que a tradição americana de apoio às democracias que resistem a regimes autoritários ainda exerce uma influência importante, e que muitos republicanos mantêm suas convicções em defesa da Ucrânia, mesmo diante da retórica de Trump.

Para ele, enquanto a Europa e os Estados Unidos não assumirem uma postura firme e prática de apoio militar à Ucrânia, Putin continuará se aproveitando da falta de unidade e da hesitação ocidental.