Um relatório da Agência de Inteligência de Defesa dos Estados Unidos (DIA, na sigla em inglês) aponta que a Coreia do Norte tem o potencial de expandir significativamente seu arsenal de mísseis intercontinentais (ICBMs), passando das atuais dez unidades para 50 até 2035. A avaliação surge em meio aos esforços do governo Trump para fortalecer o sistema antimísseis norte-americano, conhecido como “Golden Dome”, segundo informações da rede Radio Free Asia (RFA).
O documento da DIA apresenta uma projeção global de ameaças nucleares direcionadas aos Estados Unidos. No topo da lista está a China, que atualmente possui 400 mísseis intercontinentais e pode chegar a 700 até 2035. A Rússia, com 350 mísseis atualmente, deve aumentar seu arsenal para 400 no mesmo período. O Irã, por sua vez, ainda não possui esse tipo de armamento, mas pode alcançar até 60 unidades nos próximos dez anos.
Apesar das sanções impostas pela Organização das Nações Unidas (ONU), a Coreia do Norte realizou seis testes nucleares e desenvolveu mísseis com alcance suficiente para atingir o território continental dos Estados Unidos. Um dos principais pontos de preocupação é o míssil Hwasong-19, movido a combustível sólido, testado em outubro de 2024. Segundo o general Gregory Guillot, comandante do Comando Norte dos EUA, o líder norte-coreano Kim Jong-un parece estar determinado a avançar do estágio de desenvolvimento para a produção em série e implantação operacional desse armamento.
O Hwasong-19 representa um desafio para os sistemas de defesa antimísseis dos Estados Unidos, pois seu uso de combustível sólido reduz significativamente o tempo necessário para preparação e lançamento, dificultando sua detecção e interceptação. Especialistas do Pentágono destacam que o avanço do programa de mísseis da Coreia do Norte ameaça diretamente a capacidade defensiva norte-americana.
O programa de mísseis intercontinentais da Coreia do Norte teve início com o lançamento bem-sucedido do Hwasong-14 em julho de 2017. Meses depois, o país apresentou o Hwasong-15, com maior alcance e potência. Em 2020, o regime revelou o Hwasong-17, supostamente capaz de transportar múltiplas ogivas, seguido pelo teste do Hwasong-18 em 2023, o primeiro modelo norte-coreano movido a combustível sólido.
Os avanços tecnológicos recentes da Coreia do Norte também são atribuídos à crescente cooperação militar com a Rússia. Especialistas afirmam que essa colaboração se intensificou após o envio de tropas e equipamentos norte-coreanos para apoiar a guerra na Ucrânia, o que pode estar acelerando o desenvolvimento do programa de mísseis de Pyongyang.