A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) enfrenta uma grave crise financeira e corre o risco de não conseguir manter suas atividades além de setembro deste ano. O reitor Josealdo Tonholo confirmou que a instituição já tomou medidas para conter despesas, mas o cenário continua crítico, com contratos básicos ameaçados e orçamento insuficiente. Em reuniões recentes com servidores, gestores e representantes do Sintufal e da Adufal, a administração da universidade detalhou o quadro financeiro preocupante.
O diagnóstico apresentado pela Pró-reitoria de Gestão Institucional (Proginst) revelou que o orçamento discricionário da Ufal para 2025 sofreu uma leve redução nominal de 0,38% em comparação com 2024, passando de R$ 104,3 milhões para R$ 103,9 milhões. No entanto, considerando a inflação, o corte real chega a 5%. Além disso, os decretos federais limitam a execução orçamentária mensal a 1/18 do total, cerca de R$ 4,4 milhões, enquanto a universidade precisa de pelo menos R$ 6 milhões mensais para manter os contratos essenciais.
O pró-reitor de Gestão Institucional, Jarman Aderico, alertou que os recursos atualmente liberados são insuficientes para garantir o funcionamento básico da instituição, com previsão de colapso em setembro. A situação é agravada por um passivo acumulado de anos anteriores, que inclui um déficit de R$ 9,4 milhões ao final de 2024 e mais de R$ 15 milhões em restos a pagar acumulados em 2025.
Entre as medidas de contenção já adotadas estão a suspensão de concursos públicos, diárias e passagens, além da revisão de contratos de serviços essenciais, como limpeza, segurança e transporte. O contrato de limpeza sofreu uma redução de 20%, com cortes de postos de trabalho, enquanto o serviço de jardinagem foi substituído por ações pontuais realizadas por microempreendedores individuais. Na segurança, houve redução de jornada e substituição da vigilância armada, sem demissões. O único setor parcialmente preservado foi o de assistência estudantil, que mantém os restaurantes universitários, a residência estudantil e o pagamento de bolsas a alunos em situação de vulnerabilidade.
A vice-reitora Eliane Cavalcanti enfatizou que a gestão não fala em "fechar as portas", mas reconhece que a continuidade da universidade depende de mobilização coletiva. Ela destacou que a Ufal é uma construção coletiva e que todos – servidores, estudantes e a sociedade – devem compreender a gravidade do momento e se unir em defesa da instituição.
Em meio à crise, a Ufal criou um Observatório de Contratos, que tem como objetivo revisar os gastos e buscar implementar inovações previstas na nova Lei de Licitações. O coordenador de Administração, Suprimentos e Serviços, José Edson Lima, explicou que as medidas não são apenas cortes aleatórios, mas parte de uma estratégia de austeridade e otimização da gestão pública.