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Mundo
16/05/2025 11:00:00

Europa debate uso da força nuclear francesa para sua defesa

Europa debate uso da força nuclear francesa para sua defesa

Há seis décadas, a França apresentou ao mundo sua "Force de Frappe", uma força de dissuasão nuclear independente, símbolo de poder estratégico francês. Desde então, essa capacidade tem sido mantida como uma ferramenta de defesa nacional, com controle exclusivo do presidente da República. No entanto, o presidente Emmanuel Macron agora propõe expandir esse poder para proteger não apenas a França, mas também seus parceiros europeus.

A "Force de Frappe", que inclui mísseis nucleares e submarinos com capacidade de lançamento de ogivas, representa mais de 10% do orçamento anual de defesa francês. Desde Charles de Gaulle até Nicolas Sarkozy, todos os líderes franceses afirmaram que esses arsenais protegem os "interesses vitais" da França, conceito vago que poderia incluir a segurança europeia. No entanto, até Macron, esse compromisso era meramente simbólico.

Em 2020, Macron deu um passo à frente ao oferecer um diálogo estratégico com parceiros europeus, sugerindo que a dissuasão francesa poderia contribuir para a segurança do continente. Recentemente, ele indicou que a Polônia manifestou interesse em hospedar armas nucleares francesas, modelo semelhante ao compartilhamento nuclear dos Estados Unidos com a Alemanha.

Contudo, o chanceler alemão Friedrich Merz sinalizou apoio cauteloso, afirmando que os mísseis franceses e britânicos poderiam complementar a proteção dos Estados Unidos, mas não substituí-la. A proposta francesa não é de uma "bomba nuclear europeia", mas de uma participação gradual europeia na estratégia nuclear francesa, permitindo que países europeus compreendam melhor a doutrina nuclear francesa e participem de exercícios militares como observadores.

Atualmente, a França possui cerca de 300 ogivas nucleares, quantidade suficiente para sua defesa nacional, mas insuficiente para proteger toda a Europa. Macron deixou claro que a França não pagará sozinha por uma expansão desse escudo de proteção, exigindo que os países interessados contribuam financeiramente e logisticamente.

Apesar da abertura para cooperação, Macron mantém a soberania sobre o uso dessas armas. O controle e a decisão final permanecem exclusivamente nas mãos do presidente francês, espelhando o modelo dos Estados Unidos na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A decisão sobre o futuro dessa aliança nuclear dependerá não apenas da França, mas também de Berlim, Varsóvia e Washington.