15/06/2025 11:17:22

Atualidade
15/05/2025 20:00:00

Santander financia grupo ligado ao desmatamento na América do Sul

Santander financia grupo ligado ao desmatamento na América do Sul

O banco espanhol Santander, o 14º maior do mundo, foi acusado de financiar indiretamente o desmatamento de florestas nativas na América do Sul, afetando biomas e comunidades indígenas na Argentina, Brasil, Paraguai e Bolívia. As informações foram reveladas em um relatório da organização internacional Global Witness, que aponta que o banco destinou mais de 1,3 bilhão de dólares (R$ 7,3 bilhões) ao grupo Cresud e sua subsidiária brasileira BrasilAgro desde 2011.

A investigação mostrou que o grupo Cresud e a BrasilAgro desmataram aproximadamente 170 mil hectares de florestas, uma área maior que a cidade de São Paulo, desde 2001. A área mais afetada foi a região do Gran Chaco, uma vasta planície que se estende por quatro países e abriga uma biodiversidade única, além de diversas comunidades indígenas. Parte do cerrado brasileiro, o bioma mais ameaçado do país, também foi impactada.

Expansão e lucro com desmatamento

O relatório da Global Witness destaca que o apoio financeiro do Santander foi crucial para o crescimento do Cresud, cuja receita aumentou 28 vezes entre 2010 e 2024, atingindo 1,4 bilhão de dólares (R$ 7,9 bilhões). O modelo de negócios do grupo consiste em adquirir terras a baixo custo, desmatá-las e revendê-las com lucro, enquanto utiliza parte das áreas para a produção de soja, milho e criação de gado.

Mesmo após adotar uma política de limitação ao desmatamento em 2018 e se comprometer com emissões zero até 2050, o Santander continuou financiando o Cresud, que evitou o uso da palavra "desmatamento" em sua comunicação, preferindo termos como "desenvolver" e "transformar" terras.

Greenwashing e financiamentos contínuos

A Global Witness classificou o comportamento do Santander como "greenwashing", apontando que o banco mantém políticas vagas que permitem investimentos em atividades relacionadas ao desmatamento e violações de direitos humanos. Em 2024, o Santander emprestou mais de 600 milhões de dólares (R$ 3,4 bilhões) a empresas envolvidas na produção de carne bovina, óleo de palma e soja, setores diretamente ligados ao desmatamento.

Mesmo com seu histórico de desmatamento, o Cresud ainda busca acessar o mercado de crédito de carbono, planejando receber pagamentos pelas áreas de floresta que ainda mantém em suas propriedades.

Resposta do Santander e do Cresud

Questionado pela Global Witness, o Santander afirmou que não comenta informações relacionadas a clientes ou transações específicas, classificando as alegações como "potencialmente imprecisas", sem fornecer detalhes adicionais.

O Cresud, por sua vez, não respondeu aos pedidos de entrevista feitos pelo jornal britânico The Guardian, que também relatou o caso.

Organizações como a BankTrack criticam o Santander, afirmando que o banco deveria adotar políticas mais rígidas para garantir que seus clientes e parceiros não contribuam para o desmatamento ou para a degradação de ecossistemas naturais.