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Geral
14/05/2025 18:00:00

Fraude no INSS: PF apura se funerária forjou morte de idosos

Fraude no INSS: PF apura se funerária forjou morte de idosos

A Polícia Federal (PF) está investigando uma suspeita de fraude envolvendo uma funerária em Fortaleza (CE) que teria forjado documentos de óbito para lavar dinheiro proveniente de descontos irregulares na folha de pagamento de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). A empresa investigada é a Global Planos Funerários, que, segundo o relatório da PF, movimentou mais de R$ 82 milhões entre fevereiro e julho de 2024, dos quais R$ 2,6 milhões apresentaram características suspeitas.

De acordo com as investigações, a Global Planos Funerários tem como sócia Cecília Rodrigues Mota, que também está sendo investigada por viagens internacionais consideradas suspeitas. Entre os repasses analisados pela PF, destaca-se um depósito de R$ 100 mil feito pela funerária para uma empresa de tecnologia e segurança, a Highway Comércio e Serviços de Informática. O valor foi posteriormente transferido para outras empresas de propriedade de Cecília Rodrigues Mota.

Outras transações suspeitas incluem um repasse de R$ 214 mil para a Associação de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis da Região Centro Norte de Palmas (Asbampa) e dois depósitos para a Associação Brasileira dos Servidores Públicos (Abrasp), totalizando R$ 1,9 milhão entre setembro de 2023 e janeiro de 2024, além de mais R$ 400 mil no mesmo período.

O relatório da PF destaca que o fluxo financeiro observado é atípico, pois as associações normalmente recebem recursos para repassá-los a empresas prestadoras de serviços. No entanto, no caso investigado, o dinheiro saía da funerária para as associações, o que levantou suspeitas.

Uma das principais suspeitas da investigação é que certidões de óbito foram falsificadas para justificar pagamentos indevidos. A Global Planos Funerários cobrava cerca de R$ 3 mil por cada serviço funerário supostamente prestado às associações contratantes. No entanto, entre 2022 e 2024, os valores cobrados seriam suficientes para o enterro de 8.713 pessoas, número que não condiz com o total de mortes registradas pelas associações no mesmo período.

Outro ponto que chamou a atenção dos investigadores foi o fato de que as associações, mesmo supostamente enfrentando uma grande quantidade de mortes, mantiveram ou até aumentaram o número de associados que continuavam pagando suas contribuições mensalmente.

Até o momento, a imprensa tentou contato com a Global Planos Funerários, com Cecília Rodrigues Mota, com a empresa de tecnologia e com as associações citadas, mas não obteve respostas. A investigação da Polícia Federal continua em andamento.