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13/05/2025 22:00:00

Assassinatos invisíveis: 51 mil mortes ficaram fora das estatísticas no Brasil

Assassinatos invisíveis: 51 mil mortes ficaram fora das estatísticas no Brasil

Um estudo revelado pelo Atlas da Violência 2025 identificou que 51.608 homicídios ocorreram entre 2013 e 2023 no Brasil sem aparecer nos registros oficiais. Em média, foram cerca de 4.700 mortes violentas não contabilizadas a cada ano, evidenciando falhas na classificação desses casos, especialmente em estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia.

A pesquisa utilizou algoritmos de aprendizado de máquina para analisar mortes classificadas como causas indeterminadas — situações em que não ficou claro se houve intenção de matar. Ao cruzar informações como idade, sexo, local e circunstâncias das mortes, os pesquisadores concluíram que 8,6% dessas ocorrências, totalizando 135.407 casos, eram na verdade homicídios.

Impacto nas estatísticas oficiais

Com essa correção, o número oficial de homicídios no Brasil entre 2013 e 2023 passa de 598.399 para 650.007. A taxa de homicídios, que era de 21,2 por 100 mil habitantes em 2023, foi recalculada para 23,0 por 100 mil. Em São Paulo, por exemplo, o índice oficial apontava 6,4 mortes por 100 mil, mas a taxa real chega a 11,2, o que altera significativamente a posição do estado no ranking nacional de violência.

A divulgação desses dados levou 21 estados brasileiros a revisar seus processos de investigação e classificação de mortes. No Espírito Santo, os homicídios ocultos caíram de 205 em 2022 para apenas sete em 2023, graças à integração de informações entre os setores de saúde, segurança pública e planejamento.

Uso da tecnologia e correção de falhas

Os pesquisadores do Atlas da Violência utilizaram modelos de machine learning para cruzar dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, analisando padrões em características das vítimas, como idade, sexo, local e circunstâncias da morte. Esse processo permitiu identificar milhares de mortes que, de outra forma, teriam sido classificadas como causas indeterminadas.

Além de corrigir os dados de homicídios, o Atlas da Violência 2025 também analisa questões como violência contra mulheres, população negra, comunidade LGBTQIAPN+, indígenas e outros grupos vulneráveis, fornecendo um panorama abrangente da segurança pública no Brasil.