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Guerra
13/05/2025 06:00:00

Paz efêmera: um histórico dos cessar-fogos entre Rússia e Ucrânia

Paz efêmera: um histórico dos cessar-fogos entre Rússia e Ucrânia

Antes mesmo da anexação da Crimeia em 2014 e da invasão russa em grande escala em 2022, as relações entre Moscou e Kiev foram marcadas por tentativas fracassadas de trégua e constantes acusações de violação. Desde o início do conflito, os esforços para alcançar a paz envolveram tanto países europeus quanto os Estados Unidos, mas sem sucesso.

Nesta quinta-feira (15/05), o presidente russo, Vladimir Putin, propôs uma nova rodada de negociações de cessar-fogo em Istambul. A proposta surgiu após um novo ataque com drones a Kiev, encerrando uma trégua de três dias declarada unilateralmente por Moscou. No entanto, os líderes europeus recusaram o diálogo enquanto ambas as partes não declarassem um cessar-fogo incondicional. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, inicialmente apoiou a proposta, mas aceitou participar após a insistência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Desde 2022, Washington tem mediado negociações entre Rússia e Ucrânia. Trump, que prometeu encerrar o conflito em seu primeiro dia de governo, não conseguiu cumprir o compromisso, e as intervenções americanas foram vistas por muitos como favoráveis aos interesses de Putin.

Quebra de acordos históricos

A crise atual reflete uma série de quebras de acordos anteriores entre Rússia e Ucrânia. O primeiro foi o Memorando de Budapeste, assinado em 1994, pelo qual a Ucrânia abriu mão de seu arsenal nuclear em troca de garantias de segurança de Rússia, EUA e Reino Unido. Moscou se comprometeu a respeitar a soberania e as fronteiras ucranianas, mas a anexação da Crimeia em 2014 e a invasão subsequente violaram esse compromisso.

Outro acordo quebrado foi o Tratado de Amizade, Cooperação e Parceria, assinado em 1997, que previa respeito mútuo e integridade territorial. No entanto, ambos os pactos se tornaram letra morta com as ações militares russas.

Acordos de Minsk e fracasso nas tréguas

Em 2014 e 2015, foram firmados dois acordos em Minsk, capital de Belarus, país aliado da Rússia. O primeiro, conhecido como Minsk I, foi assinado em setembro de 2014 e incluía 12 pontos para desescalar o conflito no leste da Ucrânia. O segundo, Minsk II, assinado em fevereiro de 2015, ampliou os compromissos, mas ambos fracassaram em garantir uma paz duradoura.

Desde a invasão em grande escala em fevereiro de 2022, várias tentativas de cessar-fogo foram feitas, quase todas rapidamente rompidas:

  • 6 de março de 2022: Um cessar-fogo humanitário é interrompido em meio a bombardeios em Mariupol.

  • 8 de março de 2022: Corredores humanitários são bloqueados, com acusações mútuas de impedimento.

  • 7 de janeiro de 2023: A Rússia decreta uma trégua para o Natal ortodoxo, mas ataques continuam.

  • 18 de março de 2025: EUA e Rússia negociam um cessar-fogo de 30 dias para proteger energia e infraestrutura, mas o acordo é rapidamente violado.

  • 25 de março de 2025: Rússia e Ucrânia concordam em suspender ofensivas no Mar Negro, mas novas violações são relatadas.

  • 27 de março de 2025: Kiev e Moscou acusam-se de violar o cessar-fogo com ataques à infraestrutura.

  • 19 de abril de 2025: Putin anuncia uma "trégua de Páscoa", mas combates continuam.

  • 10 de maio de 2025: Rússia declara cessar-fogo em comemoração aos 80 anos da derrota da Alemanha nazista, mas a Ucrânia relata 734 violações.

Uma paz distante e a esperança de diálogo

Apesar das repetidas tentativas de cessar-fogo, o conflito entre Rússia e Ucrânia permanece sem solução. As negociações são frequentemente marcadas por acusações mútuas e falta de confiança. O Memorando de Budapeste e os Acordos de Minsk, que deveriam garantir a paz, tornaram-se símbolos da fragilidade dos compromissos internacionais na região.