Alagoas destaca-se negativamente no cenário nacional em relação à violência no trânsito, com uma taxa de mortalidade superior à média do país. Os dados são do Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (12). O estudo revela que, em 2023, o estado registrou uma taxa de 18,7 mortes por 100 mil habitantes em acidentes de trânsito, enquanto a média nacional foi de 16,2.
A situação é ainda mais preocupante quando se observa o número de mortes envolvendo motocicletas. Em Alagoas, a taxa é de 10,9 mortes por 100 mil habitantes, muito acima da média nacional, que é de 6,3.
O pesquisador Carlos Henrique Carvalho, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), atribui o elevado índice ao crescimento acelerado da frota de motocicletas em estados mais pobres, como os do Norte e Nordeste. “A frota de moto vem aumentando muito, já que é um veículo mais acessível, de custo operacional baixo”, explicou.
A popularização do uso de motocicletas é impulsionada pela facilidade de aquisição e pela expansão do uso profissional, como em serviços de entrega e transporte de passageiros. No entanto, Carvalho alerta que esse é o veículo mais vulnerável no trânsito. “Não oferece nenhuma proteção ao usuário. Quando há algum tipo de sinistro ou queda, a probabilidade de ocorrer algo grave ou óbito é muito grande”, destacou o pesquisador.
O aumento das mortes de motociclistas ocorre em um momento em que diversas cidades discutem a regulamentação do transporte de passageiros por motocicleta. Para Carvalho, é fundamental que essa discussão seja orientada pelos dados de mortalidade, considerando o risco elevado desse tipo de transporte.
O pesquisador lembra que, em 2000, os motociclistas representavam apenas 15% das mortes no trânsito no Brasil. Em 2010, esse número saltou para quase 35%, e atualmente já ultrapassa 38%.