Libertação de refém americano pelo Hamas abre caminho para negociações em Gaza

A libertação do soldado americano-israelense Edan Alexander pelo Hamas nesta segunda-feira (12) trouxe um novo impulso às tentativas de negociação por um cessar-fogo em Gaza. O grupo palestino entregou Alexander ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), afirmando que o gesto representa uma demonstração de boa vontade voltada para a retomada das conversas e para a construção de um possível acordo mais amplo com mediação dos Estados Unidos, conforme informou a rede Deutsche Welle (DW).

Alexander foi capturado em 7 de outubro de 2023, durante um ataque do Hamas ao sul de Israel, evento que marcou o início da guerra. Após 19 meses em cativeiro, o soldado foi libertado. Em uma nota divulgada no domingo (11), o Hamas já havia anunciado a decisão de libertá-lo como parte de "esforços para um cessar-fogo em Gaza e a reabertura das passagens de ajuda humanitária".

As tratativas para um acordo ganharam força com as conversas diretas entre o Hamas e representantes dos Estados Unidos em Doha, no Catar. Segundo Khalil al-Hayyah, líder do Hamas na Faixa de Gaza, o grupo está disposto a iniciar "negociações intensivas" com o objetivo de alcançar um acordo definitivo que inclua o fim da guerra, uma troca de prisioneiros e a transferência do controle de Gaza para uma administração técnica independente.

No entanto, apesar da libertação de Alexander, o governo de Israel reafirmou sua posição de não fazer concessões. "Os Estados Unidos informaram Israel da intenção do Hamas de libertar o soldado Edan Alexander como um gesto aos americanos, sem condições ou qualquer contrapartida", declarou o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Israel também destacou que as negociações ocorrerão "sob fogo", com o compromisso de alcançar todos os objetivos estabelecidos na guerra.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que está em visita ao Oriente Médio, incluindo Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos, elogiou a decisão do Hamas. "Estou grato a todos os envolvidos por tornar esta notícia monumental possível", escreveu Trump em sua rede social, a Truth Social. "Esperamos que este seja o primeiro dos passos finais necessários para encerrar este conflito brutal."

A libertação de Alexander ocorre em meio a uma ofensiva militar contínua em Gaza. Desde que uma trégua de dois meses foi rompida em março, Israel voltou a realizar bombardeios no território, que permanece sob cerco total. Autoridades de saúde locais relatam que mais de 52,8 mil palestinos foram mortos desde o início do conflito, enquanto 58 pessoas ainda estão em poder do Hamas, incluindo 34 reféns que Israel considera como mortos.