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Violência
13/05/2025 00:00:00

Atlas da Violência: Brasil registra média de 125 homicídios diários em 2023, menor taxa em 11 anos

Atlas da Violência: Brasil registra média de 125 homicídios diários em 2023, menor taxa em 11 anos

Em 2023, o Brasil contabilizou 45.747 mortes violentas, o que representa uma média de 125 homicídios por dia. Os dados são do Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O número apresenta uma leve queda em comparação ao ano anterior, quando foram registradas 46.409 mortes violentas.

O estudo, que analisa os dados desde 2013, revela uma redução de 20,3% na quantidade de homicídios no período. Em 2013, o país registrou 57.396 mortes violentas, enquanto o ano mais violento foi 2017, com 65.602 homicídios. Já o menor número registrado foi em 2019, com 45.503 mortes. Em relação ao pico de 2017, a queda em 2023 é de cerca de 30%.

Os dados do Atlas da Violência são obtidos a partir de fontes oficiais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela contagem populacional, e sistemas de informação do Ministério da Saúde, incluindo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

Redução na taxa de homicídios por 100 mil habitantes

Uma forma de avaliar o comportamento dos homicídios no país é por meio da taxa por 100 mil habitantes. Em 2023, essa taxa foi de 21,2 homicídios por 100 mil habitantes, a menor já registrada no estudo. Em 2022, o índice era de 21,7, representando uma redução de 2,3%. O pico desse indicador foi em 2017, quando alcançou 31,8 homicídios por 100 mil habitantes.

Evolução dos números de homicídios no Brasil

  • 2013: 57.396

  • 2014: 60.474

  • 2015: 59.080

  • 2016: 62.517

  • 2017: 65.602

  • 2018: 57.956

  • 2019: 45.503

  • 2020: 49.868

  • 2021: 47.847

  • 2022: 46.409

  • 2023: 45.747

Taxa de homicídios por 100 mil habitantes

  • 2013: 28,8

  • 2014: 30,1

  • 2015: 29,1

  • 2016: 30,6

  • 2017: 31,8

  • 2018: 27,9

  • 2019: 21,7

  • 2020: 23,6

  • 2021: 22,5

  • 2022: 21,7

  • 2023: 21,2

Fatores que explicam a redução

O pesquisador Daniel Cerqueira, do Ipea, aponta dois fatores principais para a queda nos homicídios: o envelhecimento da população e a implementação de políticas públicas de segurança mais eficientes. Segundo Cerqueira, o envelhecimento populacional impacta diretamente na redução da violência, pois jovens são mais propensos a se envolver em crimes, seja como vítimas ou agressores.

Além disso, ele destaca uma "revolução invisível" nas políticas de segurança pública, com a substituição do policiamento ostensivo por estratégias baseadas em planejamento, inteligência e análise de dados. Esse modelo tem permitido uma atuação policial mais qualificada, focada na identificação e prisão de criminosos.

Cenário nos estados

O levantamento revela que, em 2023, 20 estados apresentaram taxa de homicídio por 100 mil habitantes superior à média nacional. Os piores índices foram observados no Amapá (57,4), Bahia (43,9) e Pernambuco (38). Por outro lado, São Paulo (6,4), Santa Catarina (8,8) e Distrito Federal (11) registraram as menores taxas.

O documento destaca ainda que, nos últimos oito anos, 11 estados conseguiram reduzir suas taxas de homicídios de forma consistente. São eles: Pará, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraíba e São Paulo.

No entanto, o Amapá apresentou o maior crescimento no período, com um aumento de 88,2% no número de homicídios.

Armas de fogo como principal meio

O Atlas da Violência também revela que 32.749 homicídios em 2023 foram cometidos com armas de fogo, o que corresponde a 71,6% do total de mortes violentas. Em 2017, ano mais violento, esse número chegou a 49 mil. As maiores taxas de homicídios por armas de fogo foram registradas no Amapá (48,3), Bahia (36,6) e Pernambuco (30,8). Já os menores índices foram observados em São Paulo (3,4), Santa Catarina (4,4) e Distrito Federal (5,3).

O estudo alerta para as fragilidades na fiscalização de armas no país, ressaltando que a maior circulação e prevalência desse tipo de armamento tende a elevar os índices de homicídios.

Homicídios ocultos

Os pesquisadores também identificaram os chamados "homicídios ocultos", que são mortes violentas não registradas oficialmente. De 2013 a 2023, foram contabilizados 51.608 casos desse tipo, uma média anual de 4.692 homicídios que ficaram fora das estatísticas.

Com a inclusão desses dados, a taxa estimada de homicídios no Brasil em 2023 chega a 23 por 100 mil habitantes, ainda sendo a menor desde 2013. O ponto mais alto desse indicador foi em 2017, com 33,6 casos por 100 mil habitantes.

A inclusão dos homicídios ocultos altera significativamente os indicadores estaduais. Em São Paulo, por exemplo, a taxa real em 2023 seria de 11,2 por 100 mil habitantes, em vez de 6,4, fazendo o estado perder o posto de menos violento para Santa Catarina, com 9 homicídios estimados por 100 mil habitantes.