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Geral
12/05/2025 14:00:00

China controla extração de terras raras em mina brasileira financiada pelo Ocidente

China controla extração de terras raras em mina brasileira financiada pelo Ocidente

Apesar de um investimento de US$ 150 milhões (R$ 861 milhões) provenientes de fundos dos Estados Unidos e do Reino Unido, a China é a maior beneficiária dos metais de terras raras extraídos da mina Serra Verde, em Goiás. De acordo com o site Farmingdale Observer, enquanto os países ocidentais esperavam garantir uma fonte estratégica de suprimento desses minerais, o controle chinês limita seus ganhos. O jornalista Bob Rubila explica que Serra Verde é a única mina fora da Ásia capaz de extrair terras raras pesadas a partir de argila iônica, um tipo de depósito mais acessível em comparação com as tradicionais rochas duras.

Os minerais extraídos são essenciais para a produção de tecnologias estratégicas, incluindo veículos elétricos, turbinas eólicas e equipamentos militares. Com o financiamento ocidental, esperava-se criar uma cadeia de fornecimento menos dependente da China, mas toda a produção da mina já está comprometida com empresas chinesas. Além de garantir o fornecimento do minério bruto, a China possui a infraestrutura necessária para realizar o refino e a separação dos elementos, etapas caras e complexas que ainda não foram amplamente desenvolvidas no Ocidente.

A liderança chinesa nesse setor é ressaltada por Rubila, que destaca como o país se antecipou ao valor geopolítico das terras raras. O jornalista menciona especialmente o disprósio e o térbio, elementos estratégicos para a fabricação de ímãs de alto desempenho. Sem o domínio sobre o processamento desses metais, os países ocidentais permanecem dependentes da China, mesmo ao explorar novas frentes de extração.

Brasil desafia hegemonia chinesa

Enquanto a China controla o refino e a distribuição dos minerais, o Brasil busca desenvolver sua própria capacidade industrial. Uma iniciativa nesse sentido é o projeto em Lagoa Santa (MG), onde está previsto o início da produção nacional de ímãs de terras raras. Liderado pelo Laboratório de Produção de Ímãs de Terras Raras (Labfab ITR), o projeto tem capacidade inicial para produzir até cem toneladas de ímãs por ano, com possibilidade de expansão para 250 toneladas.

Os ímãs de terras raras são componentes essenciais em turbinas eólicas, motores de veículos elétricos e dispositivos eletrônicos. Atualmente, mais de 90% desses itens são fabricados na China. A iniciativa brasileira representa um passo estratégico para agregar valor aos minerais extraídos localmente e reduzir a dependência do mercado chinês.

Fernando Landgraf, coordenador do projeto Pátria, destacou que o desenvolvimento dessa cadeia produtiva no Brasil depende de apoio estatal, devido ao alto custo e complexidade das operações.

Ocidente em desvantagem

A dependência global dos minerais estratégicos controlados pela China tornou-se evidente em 2010, quando Beijing impôs um bloqueio ao Japão, alertando o mundo sobre os riscos dessa concentração. Desde então, os países ocidentais tentam diversificar suas fontes, mas enfrentam dificuldades para dominar o refino e criar suas próprias cadeias produtivas. Bob Rubila conclui que, sem essas capacidades, iniciativas como a mina Serra Verde continuarão beneficiando a China, enquanto a independência ocidental nesse setor permanece um objetivo distante.