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Polícia
12/05/2025 12:00:00

Primeira-dama do crime em AL possui carteira assinada, FGTS e salário de R$ 10 mil

Primeira-dama do crime em AL possui carteira assinada, FGTS e salário de R$ 10 mil

Núbia Taciana Freire da Silva, esposa de José Emerson da Silva, conhecido como "Nem Catenga", é apontada como uma das principais operadoras financeiras do Comando Vermelho em Alagoas. Morando no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, o casal é foragido da Justiça alagoana, mas continua comandando uma rede criminosa que inclui tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.

De acordo com o relatório do Setor de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de Alagoas, Núbia não é apenas a companheira de um líder do tráfico, mas uma figura estratégica no esquema financeiro da facção. Atuando como gestora, ela coordena transações, orienta “laranjas”, antecipa ações policiais e administra empresas de fachada.

O documento revela que, apesar de viver em um padrão de luxo, Núbia possui vínculo empregatício formal, com carteira assinada e salário declarado de R$ 10 mil em uma empresa considerada “fantasma”. O FGTS é recolhido mensalmente, mas o endereço da empresa não existe, e ela nunca compareceu ao suposto local de trabalho. As investigações indicam que essas empresas, de pequeno porte, realizam transferências de grandes quantias para contas em nome de Núbia.

Além do salário suspeito, Núbia financia procedimentos estéticos para os filhos, como duas rinoplastias avaliadas em R$ 40 mil, e custeia viagens, hospedagens de luxo, roupas e mensalidades de faculdade. Em 2021, a família celebrou o Réveillon em uma mansão alugada em Angra dos Reis, e o marido, Nem Catenga, é acusado de utilizar documentos falsos para viajar por aeroportos.

Esquema de Lavagem de Dinheiro e Empresas de Fachada

O relatório da SSP destaca que Núbia é peça central em um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro. Durante a Operação Invisível, realizada entre fevereiro e julho de 2023, foi constatada a movimentação de mais de R$ 500 mil em duas contas bancárias controladas por ela, sem que houvesse qualquer comércio ou emprego formal que justificasse esses valores. Uma das contas recebeu 91 depósitos em dinheiro vivo, totalizando R$ 58.350,00, todos fracionados e sem identificação.

As investigações mostram que empresas de fachada transferiram mais de R$ 100 mil em poucos meses para contas em nome de Núbia, enquanto o casal demonstrava interesse na compra de imóveis de luxo avaliados em mais de R$ 2 milhões. A estratégia inclui o uso de terceiros, familiares e empresas para movimentar o dinheiro, dificultando o rastreamento pelas autoridades.

O relatório conclui que o modelo adotado por Núbia envolve documentos falsos, empresas inativas e manipulação de contas de “laranjas”, configurando uma complexa rede de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio. O casal, que permanece no Morro do Alemão, é considerado foragido da Justiça alagoana.