Portugal Vai Expulsar Cerca de 18.000 Imigrantes Ilegais Antes das Eleições Legislativas Antecipadas

O governo de Portugal anunciou planos para expulsar cerca de 18.000 imigrantes ilegais do país, medida que ocorrerá pouco antes das eleições gerais antecipadas, marcadas para o dia 18 de maio. O anúncio foi feito por António Leitão Amaro, ministro da Presidência, que informou que a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) começará a emitir notificações para que os imigrantes em situação irregular deixem voluntariamente o país dentro de um prazo de 20 dias. Na primeira fase, serão abordados cerca de 4.500 estrangeiros.

Leitão Amaro destacou que a maioria dos imigrantes afetados são indivíduos que perderam o direito de permanecer no Espaço Schengen por decisão de outros países europeus, o que impede a obtenção de autorização de residência em território português. O ministro defendeu que o sistema de deportação de Portugal precisa ser revisto, classificando-o como um dos menos eficazes da Europa em termos de execução de deportações.

Eleições Antecipadas e Contexto Político

O anúncio ocorre em meio a um cenário de instabilidade política em Portugal. O primeiro-ministro Luís Montenegro, líder do Partido Social Democrata (PSD), convocou eleições antecipadas após seu governo minoritário perder um voto de confiança no Parlamento. Montenegro, que assumiu o cargo há menos de um ano, foi alvo de acusações relacionadas a um possível conflito de interesses envolvendo a empresa familiar Spinumviva, que teria recebido pagamentos de uma empresa com concessão de jogos concedida pelo governo.

A perda de apoio parlamentar, liderada pela oposição de centro-esquerda e pelo partido de extrema-direita Chega, levou ao colapso do governo, que contava com apenas 80 dos 230 assentos no Parlamento. Com isso, o país foi lançado em um período de incerteza política, marcado por um ambiente de crescente polarização e pela ascensão do partido Chega ao terceiro lugar nas eleições passadas.

Impacto na Sociedade e Críticas

O plano de expulsão em massa de imigrantes ilegais é visto por críticos como uma tentativa do governo de reforçar sua posição junto ao eleitorado em meio à campanha eleitoral. Organizações de direitos humanos alertam para o impacto humanitário da medida, enquanto analistas políticos destacam o risco de o tema da imigração ser explorado como uma estratégia eleitoral.

Portugal, que desde a Revolução dos Cravos em 1974 tem sido reconhecido como uma democracia estável, atravessa seu momento mais conturbado em 50 anos. O governo lida com desafios significativos, incluindo a gestão de mais de 22 bilhões de euros em fundos de desenvolvimento da União Europeia, destinados a modernizar a economia do país.