O governo de Israel aprovou o plano denominado "Carruagens de Gideão", que prevê uma expansão significativa da ofensiva militar na Faixa de Gaza, incluindo a ocupação do território e a transferência compulsória da população palestina para o sul da região. A operação, aprovada por unanimidade pelo gabinete de segurança israelense em 5 de maio, inclui a mobilização de dezenas de milhares de reservistas e tem como objetivos declarados desmantelar o grupo Hamas, libertar reféns e estabelecer um novo mecanismo de assistência humanitária.
De acordo com as Forças de Defesa Israelenses (FDI), o plano contempla a invasão e o controle de Gaza, com a população sendo removida compulsoriamente para áreas ao sul. A operação tem como foco a destruição da infraestrutura do Hamas e o estabelecimento de uma zona-tampão de segurança em Gaza. A proposta gerou controvérsias internacionais, pois o deslocamento forçado de civis durante um conflito é classificado como crime de guerra pelo direito internacional, e se praticado de forma sistemática, pode ser considerado crime contra a humanidade.
O porta-voz militar israelense Ephraim Defrin confirmou que a transferência compulsória da população é parte central da operação. No entanto, não há clareza sobre o que ocorrerá com os palestinos que não puderem ou não quiserem sair. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que a medida é para "proteger" os residentes de Gaza, mas críticos apontam que a ação representa uma violação dos direitos humanos. O plano inclui também a criação de corredores de segurança e o isolamento de áreas consideradas perigosas.
Desde que retomou a ofensiva em março, Israel ampliou as "zonas de segurança" e criou novos corredores que fragmentam o território de Gaza em três partes. Cerca de 70% da área da Faixa de Gaza está atualmente sob "ordens de evacuação" ou classificadas como "zonas vermelhas", onde a presença de civis é restrita. As Nações Unidas alertam que o plano israelense equivale a uma limpeza étnica e que o bloqueio humanitário imposto à região agrava ainda mais a crise, com a população enfrentando escassez de alimentos e medicamentos.
Israel justifica as restrições como uma tentativa de impedir que o Hamas se beneficie da ajuda humanitária. No entanto, organizações internacionais acusam o governo israelense de usar a fome como uma arma de guerra, uma prática também classificada como crime de guerra pelo direito internacional. A ONU e diversas agências humanitárias rejeitaram as novas regras impostas para a entrega de ajuda em Gaza, argumentando que elas violam os princípios humanitários básicos.
Com o plano "Carruagens de Gideão", Israel busca não apenas eliminar o Hamas, mas também consolidar seu controle sobre Gaza, transformando o território em uma área de segurança sob supervisão militar, enquanto a população palestina é forçada a se deslocar para o sul.