O governo da Argentina expressou nesta terça-feira (6) seu agradecimento aos Estados Unidos pelo resgate de cinco venezuelanos que estavam asilados na embaixada argentina em Caracas, sem mencionar o papel do Brasil, que cuidou da segurança dos refugiados por nove meses. O presidente argentino, Javier Milei, destacou o trabalho do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, ao declarar que a operação foi um sucesso, mas não fez qualquer referência ao presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
Os venezuelanos estavam abrigados na embaixada desde agosto de 2024, após o regime de Nicolás Maduro expulsar os diplomatas argentinos em retaliação às críticas de Milei sobre uma suposta fraude nas eleições venezuelanas. Desde então, o Brasil assumiu a custódia da embaixada argentina em Caracas e garantiu a segurança dos asilados.
No entanto, o governo argentino descreveu a operação como uma "extração" coordenada pelos Estados Unidos, enquanto Marco Rubio se referiu a ela como um "resgate". Em comunicado, a Casa Rosada reconheceu os esforços de Washington e o "compromisso pessoal" de Rubio, mas não mencionou a participação brasileira na proteção dos refugiados.
O ministério das Relações Exteriores da Argentina também emitiu uma nota de agradecimento aos Estados Unidos, reiterando o reconhecimento a Marco Rubio e ignorando o papel do Brasil. A operação foi apresentada como uma ação militar, com o governo dos Estados Unidos celebrando o "resgate bem-sucedido de todos os reféns" mantidos na embaixada.
A crise diplomática entre Argentina e Venezuela teve início em 2024, quando seis venezuelanos, apoiadores da líder opositora María Corina Machado, buscaram refúgio na embaixada argentina em Caracas para escapar da perseguição do regime chavista. Durante meses, Argentina e Brasil tentaram negociar um salvo-conduto com o governo de Maduro, mas sem sucesso.
Apesar da retirada dos asilados, o Brasil continua responsável pela proteção da embaixada argentina em Caracas e pela assistência aos cidadãos e empresas argentinas no território venezuelano.