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Guerra
06/05/2025 02:00:00

Plano de “conquistar” Gaza: Premiê de Israel promete realocar palestinos

Plano de “conquistar” Gaza: Premiê de Israel promete realocar palestinos

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que a população da Faixa de Gaza será transferida para o sul do enclave palestino após seu gabinete de segurança aprovar por unanimidade uma nova operação militar de expansão no território, descrita por um ministro como um plano para “conquistar” a região. A decisão foi tomada no domingo (4), pouco depois de o Exército israelense anunciar a convocação de milhares de reservistas para reforçar sua atuação em Gaza.

Em mensagem divulgada nesta segunda-feira (5) na rede X, Netanyahu afirmou que a operação prevê a permanência das tropas nas áreas ocupadas e a movimentação de civis para protegê-los. “Não entraremos e sairemos apenas para realizar ataques. Essa não é a intenção. A intenção é o oposto”, declarou. Ele ainda acrescentou que os militares permanecerão nos territórios capturados e que a mobilização visa manter o controle dessas regiões.

A operação, denominada “Carruagens de Gideão”, tem como objetivos a eliminação do Hamas e a libertação de reféns, conforme informou um alto representante da segurança israelense. O plano deverá ser iniciado após a visita do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Oriente Médio, prevista para a próxima semana. A visita seria uma tentativa de abrir caminho para um possível acordo de libertação de reféns. Caso não haja progresso nesse sentido, a ofensiva será lançada com força total.

Segundo o porta-voz das Forças Armadas de Israel, brigadeiro-general Effie Defrin, o foco central da operação é o retorno dos reféns israelenses, ainda que, anteriormente, Netanyahu tenha destacado que a prioridade máxima era derrotar os inimigos de Israel. A declaração gerou controvérsia interna, com o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, criticando Defrin por, segundo ele, colocar o Exército acima da liderança política.

Familiares dos reféns expressaram preocupação de que a nova ofensiva possa colocar as vítimas em risco, ao priorizar a destruição do Hamas em detrimento da negociação. Questionado se os Estados Unidos apoiam o novo plano israelense, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional americano, Brian Hughes, ressaltou que o Hamas será responsabilizado por manter reféns, inclusive cidadãos norte-americanos.

O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, também declarou nesta segunda-feira que a conquista e possível anexação de Gaza são possibilidades reais, e que não haverá recuo das áreas tomadas mesmo que o Hamas aceite um novo acordo de reféns. Segundo ele, só após garantir o domínio territorial, será possível discutir a imposição da soberania israelense sobre a região.

Mais de 2.400 palestinos foram mortos desde meados de março com a intensificação dos ataques israelenses, que encerraram um cessar-fogo que durava quase dois meses. Desde o início da guerra, segundo o Ministério da Saúde Palestino, mais de 52 mil palestinos perderam a vida na Faixa de Gaza. A expansão das operações será gradativa, visando permitir a chance de um novo cessar-fogo antes da chegada de Trump à região, que visitará Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar, mas sem parada prevista em Israel.

A ONU manifestou preocupação com o avanço da nova fase da ofensiva, alertando para o risco de aumento no número de civis mortos. O bloqueio israelense à ajuda humanitária em Gaza já dura nove semanas. Durante a reunião do gabinete no domingo, houve divergências quanto à retomada das entregas de suprimentos, especialmente entre ministros da ala mais à direita e o chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, que argumentou sobre a obrigação legal de permitir ajuda sob as normas internacionais.

Os Estados Unidos e Israel estão desenvolvendo um novo mecanismo para permitir o envio de assistência humanitária a Gaza sem a interferência do Hamas. A entrega seria organizada por uma fundação privada, em parceria com a ONU e organizações internacionais, garantindo que os suprimentos não fossem desviados para grupos armados. No entanto, agências humanitárias rejeitaram o novo modelo, alegando que ele enfraquece os princípios fundamentais da assistência e não garante que os mais vulneráveis recebam o auxílio.

Segundo comunicado das organizações, elas não participarão de nenhum plano que comprometa os valores de humanidade, imparcialidade, independência e neutralidade.



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