O gabinete de segurança de Israel aprovou nesta segunda-feira (5) um plano para intensificar a ofensiva militar na Faixa de Gaza, com a meta de “conquistar” o território palestino e forçar o deslocamento da população local para o sul, segundo fontes do governo israelense ouvidas por agências internacionais. A decisão foi unânime e inclui também o aumento da convocação de reservistas e ataques mais intensos contra o grupo Hamas.
De acordo com autoridades israelenses, a nova fase da ofensiva prevê que Gaza seja dividida em setores controlados militarmente por Israel, sendo que cerca de metade do território já se encontra sob domínio israelense, incluindo zonas de segurança ao longo da fronteira e três corredores que atravessam a faixa de leste a oeste.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, conforme a mesma fonte, continua a apoiar propostas como a do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que sugerem o deslocamento da população de Gaza para países vizinhos, como Egito e Jordânia — ideia que já foi rejeitada por essas nações, por aliados árabes e pela própria população palestina. O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, havia declarado anteriormente a intenção de criar uma agência para promover essa “saída voluntária”.
Ao mesmo tempo em que discute ofensivas e deslocamentos, o gabinete israelense também aprovou a possibilidade de liberar a entrada de ajuda humanitária em Gaza, atualmente sob bloqueio total desde 2 de março. Apesar da alegação de que “há alimentos suficientes” no território, agências da ONU e organizações humanitárias alertam para um agravamento dramático da crise humanitária entre os 2,4 milhões de habitantes.
Israel justifica o bloqueio e os ataques como parte de uma estratégia para pressionar o Hamas a libertar os 58 reféns que ainda são mantidos no território palestino desde o ataque do grupo em outubro de 2023, que resultou na morte de 1.218 pessoas em solo israelense, a maioria civis.
Desde a retomada da ofensiva militar no dia 18 de março, após o colapso das negociações por um novo cessar-fogo, Israel tem intensificado bombardeios e ampliado as operações terrestres. Segundo a ONU, novas ordens de evacuação provocaram o deslocamento de cerca de 142 mil palestinos entre 18 e 23 de março, e mais de 60% da Faixa de Gaza foi classificada como “zona proibida”.
A situação humanitária se deteriora rapidamente. Os bloqueios a suprimentos essenciais e o cerco total à região ampliam o risco de colapso. Em meio a esse cenário, o Hamas acusou Israel de ser o principal responsável pela tragédia humanitária em curso e de usar a ajuda humanitária como instrumento de pressão política.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 52 mil pessoas já morreram na região desde o início da ofensiva israelense em outubro, um número que continua a crescer em meio ao agravamento dos combates e ao cerco militar imposto por Israel.