Lucy, de 15 anos, sempre foi uma adolescente preocupada, mas há dois anos começou a enfrentar crises de ansiedade e ataques de pânico sem explicação aparente. Ela e seus pais não sabiam como lidar com a situação, o que se tornou ainda mais angustiante à medida que os episódios se tornaram públicos e frequentes. A jovem passou a faltar à escola e evitava interações sociais. Após seis meses tentando lidar sozinha com os sintomas, a família optou por buscar ajuda profissional através da terapia cognitivo-comportamental, o que resultou em uma melhora significativa em sua rotina e qualidade de vida.
A experiência de Lucy reflete a realidade de muitos jovens. De acordo com dados do sistema público de saúde do Reino Unido, um em cada cinco jovens entre 8 e 25 anos provavelmente enfrenta algum transtorno de saúde mental. A adolescência é um período particularmente vulnerável, repleto de mudanças emocionais, sociais e biológicas. O cérebro nessa fase ainda está em desenvolvimento, e a parte que regula as emoções amadurece antes daquela responsável pelo autocontrole, o que pode resultar em reações intensas e dificuldades para lidar com os sentimentos.
Entender o que é um comportamento emocional esperado e o que pode indicar um problema mais sério é essencial. Sentimentos como irritabilidade ocasional, busca por privacidade, ansiedade sobre aceitação social ou notas escolares, e mudanças de humor fazem parte do desenvolvimento. No entanto, se esses sintomas impactarem significativamente a rotina, é preciso atenção.
Manter hábitos saudáveis é uma das estratégias recomendadas para lidar com o mau humor, como ter uma rotina equilibrada de sono, alimentação, prática de exercícios e convivência social. Para lidar com a ansiedade, técnicas de respiração, atenção plena e exercícios de aterramento podem ajudar. Além disso, os pais devem conversar com seus filhos sobre os medos e preocupações, criando momentos dedicados para isso, mas sem oferecer garantias excessivas que podem reforçar a insegurança.
Especialistas ressaltam que a comunicação é a principal ferramenta dos pais. É importante dar espaço para que os filhos se expressem, sem pressioná-los, e envolver a escola na observação do comportamento do adolescente. Além disso, os pais devem evitar resolver todos os problemas dos filhos, permitindo que desenvolvam sua própria resiliência. Ensinar que erros são parte da vida, permitir a tomada de decisões e questionar pensamentos negativos são formas eficazes de fortalecer a saúde mental dos jovens.
Contudo, há sinais de alerta que indicam a necessidade de ajuda profissional: automutilação, pensamentos suicidas, alterações drásticas no sono e na alimentação, mudanças bruscas de personalidade e afastamento prolongado de atividades prazerosas são exemplos claros. Nesses casos, procurar apoio especializado é fundamental e não deve ser motivo de vergonha.
No Brasil, o Ministério da Saúde oferece atendimento gratuito por meio da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que pode ser acessada por meio de um mapa com os serviços disponíveis na região. Escolas, ONGs e instituições de apoio também podem ser fontes importantes de suporte. Mesmo quando o adolescente já está em tratamento, o apoio em casa continua sendo essencial. Os pais são uma peça-chave nesse processo de cuidado e recuperação.