Durante uma entrevista para o documentário “Russia. Kremlin. Putin. 25 Anos”, que marca seus 25 anos no poder, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que até o momento “não houve necessidade” de recorrer ao uso de armas nucleares na guerra contra a Ucrânia e declarou esperar que isso não venha a ser necessário no futuro.
Putin acusou a Ucrânia de tentar provocar Moscou e forçá-la a cometer erros, mas reiterou que a posição oficial russa é de que as armas nucleares continuam sendo uma opção apenas em último caso. O Kremlin já havia classificado como “especulações” as frequentes advertências do Ocidente sobre um possível conflito nuclear. Ainda assim, Putin ressaltou que a Rússia está "preparada para qualquer evolução da situação" do ponto de vista técnico-militar.
Em novembro do ano passado, Moscou atualizou sua doutrina nuclear, ampliando os cenários nos quais se reserva o direito de usar seu arsenal atômico, embora continue classificando tal uso como uma "medida extrema de dissuasão".
Putin diz que cessar-fogo será inevitável, mas impõe condições
Apesar do prolongamento do conflito, Putin afirmou que uma reconciliação com a Ucrânia é "inevitável" e apenas uma questão de tempo. Segundo ele, a Rússia possui recursos suficientes para levar o que começou em 2022 até “sua conclusão lógica”, com resultados favoráveis a Moscou.
Ele reiterou os principais pontos de sua proposta de cessar-fogo apresentada anteriormente: a não adesão da Ucrânia à OTAN e a retirada das tropas ucranianas dos territórios ocupados pelas forças russas nas regiões de Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporíjia, com o consequente reconhecimento dessas áreas como parte da Federação Russa. Tais exigências foram rejeitadas de forma contundente pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, que afirmou que a integridade territorial da Ucrânia "não é negociável". A comunidade internacional, sobretudo países ocidentais, também consideram as condições impostas por Putin inaceitáveis.
Por que a guerra não começou em 2014?
Perguntado sobre a possibilidade de a ofensiva ter sido iniciada já em 2014, após a anexação da Crimeia, Putin respondeu que naquele momento a Rússia não estava preparada para enfrentar um “confronto direto com todo o Ocidente coletivo”. Ele acrescentou que havia expectativa de resolver a situação no Donbass por vias diplomáticas, mas que, com o tempo, Moscou viu a necessidade de adotar outra abordagem.
A entrevista e o documentário reforçam o discurso de Putin de que a guerra é justificada pelas ameaças percebidas à segurança russa e pela oposição à expansão da OTAN, ao mesmo tempo em que tenta projetar controle e resiliência diante das sanções e do isolamento impostos pelo Ocidente.