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Polícia
04/05/2025 20:00:00

PF investiga ligação entre fraude do INSS e esquema de crédito consignado

PF investiga ligação entre fraude do INSS e esquema de crédito consignado

A Polícia Federal está investigando a conexão entre o esquema bilionário de fraudes em descontos indevidos aplicados a aposentados do INSS e empresas que operam com crédito consignado. Documentos obtidos nas quebras de sigilo bancário revelam que entidades envolvidas nas fraudes fizeram pagamentos milionários a empresas do setor, levantando suspeitas de uma operação coordenada para lucrar com a filiação forçada de segurados a associações e sindicatos.

Segundo as investigações, mais de 6 milhões de aposentados foram filiados sem consentimento a essas entidades, que arrecadaram cerca de R$ 6,3 bilhões desde 2019 por meio de descontos mensais. A PF apura se empresas de crédito consignado foram usadas para inserir automaticamente os descontos de mensalidades associativas em contratos de empréstimos oferecidos a aposentados.

Três entidades — Ambec, Unsbras (atualmente Unabrasil) e Cebap — aparecem no centro das investigações, com repasses de ao menos R$ 15 milhões a duas empresas de venda de crédito consignado. Entre elas está a HKM, do empresário Herbert Kirstersson Menocchi, ex-gerente do banco BMG. Contratos apontam que a HKM atuava para que seus vendedores oferecessem aos clientes, junto com os empréstimos, a filiação a entidades suspeitas. Os contratos previam que essas empresas ficassem com a primeira mensalidade dos novos associados, além de 30% das seguintes.

Outra empresa mencionada é o Balcão das Oportunidades, também ligada ao BMG como correspondente bancário, que recebeu R$ 5 milhões apenas da Ambec e mantém contratos de grande valor com a Cebap.

Além dessas, outras associações como a Amar Brasil (ABCB) e a Master Prev também aparecem na mira da PF. Ambas mantêm vínculos com o empresário Américo Monte Filho, que controla empresas de crédito consignado e tem familiares em cargos de direção nas associações. A Amar Brasil, sozinha, movimentou mais de R$ 320 milhões, parte dos quais foi repassada a empresas do setor de crédito.

O escândalo foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens iniciadas em dezembro de 2023, que desencadearam investigações da PF e da Controladoria-Geral da União (CGU). O material jornalístico foi citado 38 vezes na representação que resultou na Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23 de abril e que levou às demissões do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.

A defesa de Herbert Menocchi afirma que ele e sua empresa atuam legalmente e estão à disposição das autoridades. O BMG, por sua vez, declarou que Menocchi não tem vínculo com o banco desde 2022 e que desconhece qualquer envolvimento nos fatos investigados. As apurações seguem em andamento.



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