Após uma sequência de assassinatos registrados no bairro Taquaril, na Região Leste de Belo Horizonte, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) negou neste sábado (3) que a facção Comando Vermelho (CV) esteja assumindo o controle de territórios na capital mineira. As declarações foram feitas pelo capitão da PM Breno Sales, que afirmou não haver indícios de toque de recolher, cobrança de “impostos” a moradores ou qualquer tentativa de domínio por parte do grupo criminoso.
De acordo com o oficial, o policiamento está mantido em todas as regiões da cidade e não há sinais consistentes de atuação sistemática de facções como o Comando Vermelho ou o Primeiro Comando da Capital (PCC). “Temos acesso a todos os territórios, o serviço de atuação policial está normalizado. Não há indicativos de nenhum grupo tentando tomar territórios de forma mais contundente”, declarou.
Apesar do posicionamento oficial, a PM confirmou que um novo homicídio foi registrado nas proximidades da Ocupação Terra Nossa, neste sábado, local onde dois homens ligados ao CV foram mortos em confronto com a polícia na última quinta-feira (1º). Ainda assim, os militares negam ligação do caso com o crime organizado.
Na quinta-feira, um grupo de oito homens armados invadiu a comunidade afirmando ser da Polícia Civil e sequestrou um jovem, que foi executado em uma escadaria próxima. Segundo a PM, a vítima era aliada de um traficante do Taquaril que teria se aproximado da facção rival Terceiro Comando Puro (TCP). O assassinato teria sido uma represália, intensificando o conflito entre CV e TCP em Belo Horizonte.
O mandante do crime seria um dos chefes do tráfico na capital, com diversos mandados de prisão em aberto e um histórico de fuga registrada em 2023, do Complexo Prisional de Ribeirão das Neves. Após ter se aliado ao Comando Vermelho no Rio de Janeiro, ele teria retornado a BH e estaria envolvido em uma série de homicídios, incluindo o assassinato do filho de outro traficante da região, com quem teve uma relação de amizade no passado, mas que evoluiu para uma rivalidade mortal.
No último sábado (26), outro homicídio atribuído ao Comando Vermelho foi registrado no bairro, quando um jovem de 19 anos foi executado por um integrante da facção.
Apesar das negativas da Polícia Militar sobre a presença efetiva de facções no controle territorial, os episódios recentes acendem o alerta para a disputa entre organizações criminosas em Belo Horizonte e a escalada da violência em determinadas comunidades da cidade.