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Mundo
04/05/2025 00:00:00

Polônia se prepara para possível invasão russa em meio a tensões crescentes na Europa

Polônia se prepara para possível invasão russa em meio a tensões crescentes na Europa

Em um campo de treinamento militar nos arredores de Wroclaw, cidadãos poloneses de todas as idades, vestindo uniformes camuflados, capacetes e máscaras de gás, participam de sessões de instrução que incluem tiro, combate corpo a corpo, primeiros socorros e uso de equipamentos de proteção. O programa, chamado "Treine com o Exército", reflete a crescente preocupação da Polônia com uma possível agressão militar da Rússia.

O capitão Adam Sielicki, responsável pela coordenação do projeto, afirma que os tempos exigem preparação, e que a ameaça militar russa é real. A alta procura levou o governo a planejar a ampliação do programa, com o objetivo de treinar todos os homens adultos do país.

Fazendo fronteira com a Rússia e a Ucrânia, a Polônia destina quase 5% de seu PIB à defesa, o maior percentual entre os países da Otan. O primeiro-ministro Donald Tusk declarou recentemente a intenção de construir o exército mais forte da região, com investimentos em aviões, navios, sistemas de mísseis e artilharia adquiridos de países como Estados Unidos, Suécia e Coreia do Sul.

A mobilização não se limita ao treinamento civil. A população também se mostra preocupada com a confiabilidade das alianças internacionais. A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos acentuou o sentimento de vulnerabilidade, especialmente após declarações do ex-presidente e de membros de sua equipe sugerindo a possibilidade de reduzir a presença militar americana na Europa. Hoje, cerca de 10 mil soldados dos EUA estão na Polônia, mas a recente decisão de Washington de retirar uma base estratégica da cidade de Rzeszow gerou apreensão.

A veterana de guerra Wanda Traczyk-Stawska, de 98 anos, relembra a ocupação soviética de 1939 como um alerta permanente sobre a postura agressiva da Rússia. Para ela, o reforço militar é essencial diante da história e da atual conjuntura. “É melhor ser um país bem armado do que esperar que algo aconteça”, afirmou.

A busca por proteção também chegou ao mercado civil. A empresa ShelterPro, especializada em abrigos antiaéreos, relata um aumento explosivo na demanda. Segundo o diretor Janusz Janczy, os pedidos se intensificaram após a vitória de Trump. Os abrigos são projetados para resistir até a ataques nucleares.

Apesar do ambiente de preparação e alerta, uma pesquisa recente revelou que apenas 10,7% dos poloneses estariam dispostos a se alistar voluntariamente em caso de guerra. Um terço disse que fugiria. Entre os jovens, muitos demonstram resistência à ideia de pegar em armas. “Sinceramente, não vejo nada aqui que valha a pena morrer por”, declarou Szymon, estudante universitário.

Com memórias dolorosas do passado e temores renovados sobre o futuro, a Polônia se posiciona como linha de frente da Europa diante de um possível avanço russo, reforçando sua capacidade militar e repensando sua dependência dos Estados Unidos.



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