O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, recusou neste sábado, 3, a proposta de cessar-fogo de três dias apresentada pela Rússia e sugeriu, em contrapartida, uma trégua de 30 dias, conforme modelo defendido pelos Estados Unidos. Segundo ele, não é possível alcançar acordos reais em apenas três, cinco ou sete dias, sendo necessário um período mais extenso para se avançar em negociações concretas.
A proposta russa previa uma pausa nos combates entre os dias 7 e 9 de maio, datas coincidentes com a comemoração do Dia da Vitória, quando Moscou costuma receber representantes estrangeiros para o tradicional desfile militar. Zelenskyy afirmou que não há garantias de segurança para quem participar do evento e classificou a sugestão russa como teatral.
Enquanto isso, a guerra continua com intensa troca de ataques com drones entre os dois países. Em Kharkiv, pelo menos 47 pessoas ficaram feridas após bombardeios russos realizados na sexta-feira. Os ataques danificaram prédios residenciais, veículos e estruturas civis. Após os ataques, Zelenskyy reforçou o apelo por apoio mais efetivo de seus aliados, exigindo sistemas de defesa aérea mais robustos. Em uma publicação nas redes sociais, ele destacou que a hesitação das potências ocidentais custa vidas todas as noites na Ucrânia.
A Força Aérea da Ucrânia informou que, durante a madrugada, a Rússia lançou 183 drones explosivos e chamarizes. Desse total, 77 foram abatidos pelas defesas ucranianas e outros 73 foram neutralizados por bloqueio eletrônico. A Rússia também lançou dois mísseis balísticos, segundo o comunicado.
Por outro lado, o Ministério da Defesa da Rússia afirmou ter derrubado 170 drones ucranianos na mesma noite, além de interceptar oito mísseis de cruzeiro e três guiados. Ainda durante os ataques, quatro pessoas ficaram feridas em Novorossiysk, cidade portuária no Mar Negro, conforme informou o governador da região de Krasnodar, Veniamin Kondratyev.
Essa nova escalada ocorre após os Estados Unidos e a Ucrânia firmarem, na última quarta-feira, um acordo que garante aos americanos acesso aos recursos minerais da Ucrânia. O pacto, que vinha sendo negociado há meses, deve permitir a continuidade da ajuda militar a Kiev, especialmente diante das incertezas quanto ao futuro do apoio sob uma eventual nova presidência de Donald Trump, que já manifestou reservas sobre o engajamento dos EUA nas negociações de paz com Moscou.