21/05/2025 16:01:10

Economia
04/05/2025 07:00:00

Os golpes que mais fazem os brasileiros perder dinheiro

Os golpes que mais fazem os brasileiros perder dinheiro

Em 2024, fraudes digitais causaram prejuízos superiores a R$ 10 bilhões no Brasil, um aumento de 17% em comparação a 2023. Segundo levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), uma em cada quatro pessoas com mais de 16 anos afirmou ter sido vítima de algum tipo de golpe virtual, o que representa cerca de 40,8 milhões de brasileiros.

Entre os crimes mais recorrentes estão o golpe do WhatsApp, o das falsas vendas e o do falso funcionário de banco. No caso do WhatsApp, criminosos enviam mensagens fingindo ser familiares ou amigos, como aconteceu com a aposentada Lourdes Diana, de 77 anos, que transferiu R$ 1 mil acreditando estar ajudando a filha. Foram 153 mil vítimas desse golpe em 2024. Já as fraudes envolvendo vendas inexistentes somaram 150 mil ocorrências, e os contatos de estelionatários se passando por funcionários de instituições bancárias afetaram 105 mil pessoas.

Especialistas atribuem a eficácia dos golpes a três fatores principais: o alcance massivo da internet, o imediatismo gerado pela tecnologia e a habilidade dos criminosos em manipular psicologicamente as vítimas. Segundo o perito Wanderson Castilho, mesmo usuários frequentes da internet muitas vezes não compreendem os riscos digitais e, diante de situações urgentes ou convincentes, acabam cedendo informações ou valores sem refletir.

Outro estudo realizado pelo Instituto DataSenado reforça que 24% dos brasileiros com mais de 16 anos admitiram terem sofrido perdas financeiras causadas por crimes cibernéticos, como clonagem de cartão e invasão de contas bancárias. A coleta de dados foi feita por telefone, indicando que muitos dos afetados sequer registraram boletim de ocorrência ou procuraram os bancos.

Os perfis mais vulneráveis às fraudes digitais são os jovens e os idosos. Enquanto os mais velhos costumam ter dificuldade com o uso de tecnologias e são mais propensos a confiar em mensagens recebidas, os jovens, apesar de estarem inseridos no ambiente digital, têm uma confiança excessiva e conhecimento superficial, tornando-os igualmente suscetíveis.

O WhatsApp continua sendo uma das principais ferramentas usadas por criminosos. Em golpes de clonagem de conta, os estelionatários enganam a vítima para obter o código de segurança enviado por SMS e, com isso, tomam posse do perfil no aplicativo. A recomendação é ativar a verificação em duas etapas e jamais fornecer códigos de segurança a terceiros.

Nas falsas vendas, os golpistas criam páginas ou perfis simulando lojas virtuais, com promoções atrativas divulgadas por mensagens, e-mails ou redes sociais. A dica é desconfiar de preços muito abaixo da média e sempre verificar a confiabilidade do site ou perfil.

Já no golpe do falso funcionário, os criminosos entram em contato por telefone ou mensagem, alegando problemas na conta da vítima. Em seguida, solicitam dados sigilosos ou pedem transferências sob justificativa de correção do suposto erro. As instituições financeiras, no entanto, não solicitam senhas, códigos de autenticação ou transferências via telefone. Em caso de dúvida, o indicado é desligar e procurar o banco por canais oficiais.

O aumento nos vazamentos de dados também intensifica os golpes. Nos últimos cinco anos, foram registrados quase 58 mil alertas de incidentes cibernéticos pelo governo federal, incluindo mais de 9 mil casos de vazamentos em sistemas da União. Um caso emblemático foi descoberto em novembro de 2024, quando a Polícia Civil de São Paulo desarticulou uma quadrilha que comercializava dados de mais de 120 milhões de brasileiros.

De acordo com o especialista Arthur Igreja, os golpistas usam informações vazadas para parecerem legítimos ao fazer contato, o que aumenta a chance de a vítima confiar na abordagem. Diante disso, medidas simples de segurança, como desconfiar de mensagens suspeitas, evitar clicar em links desconhecidos, e manter a autenticação em duas etapas ativada, podem reduzir significativamente os riscos.

Segundo Rony Vainzof, professor de direito digital e conselheiro do Comitê Nacional de Cibersegurança (CNCiber), embora a precaução individual seja importante, é fundamental adotar políticas públicas mais amplas. Ele defende a criação de uma política nacional de cibereducação, maior rigor na aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados e ações efetivas de repressão aos crimes virtuais.



Enquete
Ex-Governador e atual Senador Renan Filho pretende voltar ao Governo de Alagoas, Você concorda?
Total de votos: 70
Google News