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História
02/05/2025 07:00:00

2 de maio de 1945: a queda da Berlim nazista

2 de maio de 1945: a queda da Berlim nazista

Há exatos 80 anos, em 2 de maio de 1945, a bandeira da União Soviética tremulava sobre o Reichstag, sinalizando a rendição de Berlim e marcando o colapso do regime nazista. A vitória soviética na capital alemã foi o ponto culminante da Batalha de Berlim e abriu caminho para o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa.

Sem confirmação oficial, a população já pressentia o desfecho inevitável. Relatos se espalhavam de que o Exército Vermelho havia cercado a cidade. O jornalista Cornelius Ryan descreve em seu livro A Última Batalha que os berlinenses tinham consciência de que os dias da cidade estavam contados. A rendição, anunciada por meio de alto-falantes pelo comandante da Defesa Aérea de Berlim, Helmuth Weidling, reconhecia o sofrimento da população e ordenava o fim dos combates.

A devastação da cidade e o sofrimento da população

Berlim, devastada por anos de bombardeios aliados, havia perdido grande parte de sua população: de 4,3 milhões no fim da década de 1930 para 2,8 milhões em 1945. Mais de 600 mil residências foram destruídas. Sem eletricidade, comida ou remédios, os civis enfrentavam fome e medo, enquanto relatos da BBC clandestina informavam os avanços do front ocidental.

Embora a Alemanha ainda resistisse em algumas regiões, a rendição da capital representava o colapso final. Hitler havia se suicidado em 30 de abril, seguido pelo seu sucessor Joseph Goebbels no dia seguinte. Com a liderança nazista extinta, não havia mais estrutura de comando para manter a luta.

Aliados recuam, e ofensiva soviética ganha força

As forças aliadas, lideradas pelos EUA, haviam alcançado o rio Elba, a cerca de 100 quilômetros da capital. Entretanto, com a morte do presidente Franklin D. Roosevelt em 12 de abril e preocupações logísticas, o general Dwight D. Eisenhower cancelou o avanço até Berlim. A decisão gerou tensões com Winston Churchill, que via a chegada a Berlim como uma mensagem política para Josef Stalin, antecipando os conflitos da Guerra Fria.

Com a via livre, os soviéticos iniciaram a ofensiva final. Stalin encarregou os marechais Ivan Konev e Georgy Zhukov de conduzir a invasão, o que originou uma espécie de corrida entre os dois para alcançar a cidade primeiro. A batalha começou oficialmente em 16 de abril. No aniversário de Hitler, quatro dias depois, teve início uma intensa campanha de bombardeios. Em poucos dias, as linhas de defesa nazistas foram destruídas.

Violência e estupros marcam a vitória soviética

Durante o avanço, soldados do Exército Vermelho cometeram milhares de estupros contra civis. Registros históricos, relatos de vítimas e diários de soldados soviéticos, como o ucraniano Vladimir Gelfand, revelam o clima de terror nas ruas da cidade. Freiras, idosas, grávidas e até meninas foram brutalmente violentadas. O historiador Antony Beevor relata em Berlim 1945: A Queda que os ataques, muitas vezes motivados por vingança, atingiram mulheres de todas as idades e condições.

A brutalidade foi retratada anos depois no livro Uma Mulher em Berlim, da jornalista Marta Hillers, que narrou seu cotidiano de abusos sexuais e a estratégia de buscar a proteção de um único oficial soviético para escapar de ataques aleatórios.

A rendição e o fim do Terceiro Reich

Com o colapso das defesas, Berlim se rendeu. Em meio a ruínas, moradores viram a bandeira soviética erguer-se sobre o Parlamento alemão, encerrando oficialmente a batalha. As estimativas indicam que mais de 150 mil pessoas morreram nos últimos dias de combate.

A Conferência de Yalta, realizada meses antes, já havia selado o futuro da cidade. Berlim foi dividida em quatro zonas de ocupação: soviética, americana, britânica e francesa. Décadas depois, essa divisão culminaria na construção do Muro de Berlim, símbolo da Guerra Fria.

Memória e legado da vitória soviética

A conquista de Berlim se tornou um pilar do orgulho nacional soviético. Para marcar a vitória, três grandes memoriais foram construídos na cidade: no parque Tiergarten, no Schönholzer Heide e, o maior deles, no parque Treptower, onde uma estátua representa um soldado sobre uma suástica destruída. Esses monumentos homenageiam os cerca de 80 mil combatentes soviéticos mortos na Batalha de Berlim.

A queda da capital nazista, embora celebrada como libertação, permanece marcada por horrores vividos por civis e pelas cicatrizes de uma guerra que transformou a Europa e o mundo.



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