A estagiária do Poder Judiciário de Alagoas, que preferiu manter o anonimato, conversou com o portal CadaMinuto para contestar as informações que envolviam o juiz Phillipe Melo Alcântara Falcão em uma acusação de agressão física e violência sexual. De acordo com a jovem, a decisão do desembargador Tutmés Airan, que determinou a citação do magistrado, foi motivada por seu próprio pedido de desistência do processo, protocolado logo após sua instauração, que ela afirma “nunca deveria ter existido”.
Ela relatou que, em um domingo à tarde, sofreu um acidente doméstico que causou ferimentos e a levou ao hospital. Usava suéter e calça de alfaiataria, o que, segundo ela, contradiz o estereótipo de uma emergência. Foi atendida sem prioridade e, durante a avaliação médica, foi identificada uma bolha de sangue na boca. A jovem explicou que essa lesão não condizia com agressões físicas como socos ou tapas, pois não havia sangramento externo, cortes ou escoriações características de impacto direto. Para ela, a lesão era compatível com uma queda ou esbarrão acidental.
Ela mencionou o renomado médico-legista Vincent Di Maio, que descreve que lesões provocadas por agressão na região bucal geralmente causam lacerações internas e hemorragias, o que não ocorreu em seu caso. Apesar disso, o hospital interpretou a lesão como causada por terceiros e, sem sua autorização, acionou o protocolo de violência, o que levou à condução da jovem até a delegacia.
Na delegacia, passou da noite até a madrugada sendo interrogada, mesmo sem ser acusada de nada. Disse que foi tratada como vítima, mesmo negando essa condição, e que o fato de ter um relacionamento com um juiz foi usado para reforçar a tese de violência. Destacou que houve tentativa de convencê-la de que era vítima, o que ela considerou uma postura predatória.
Segundo ela, a policial responsável registrou a constatação médica e, a partir disso, foi instaurado um inquérito com base em uma suspeita infundada. Sua intimidade foi invadida, seu celular foi analisado e mensagens foram mal interpretadas. Uma delas, enviada em estado de embriaguez, pedindo ao namorado que a buscasse, foi classificada como indício de abuso. Ela alegou que mensagens subsequentes mostravam conversas consensuais, que contradiziam a versão de violência.
No dia seguinte, protocolou o pedido de desistência. Disse ter sido absurdo e exaustivo acordar como vítima de um homem que descreve como íntegro, cuidadoso e carinhoso, alguém com quem mantinha uma relação afetiva sólida e que sequer esteve com ela no dia do acidente. Segundo ela, ele estava com as filhas e os pais, enquanto ela retornava de viagem após visitar a família.
Afirmou que tudo foi fruto de um mal-entendido, alimentado por estereótipos e suposições, que culminou na exposição pública de uma pessoa inocente como agressor. Disse que não houve crime, nem vítima, nem agressor, e que os autos foram arquivados por inexistência de qualquer delito.
Ela criticou a publicação que divulgou os fatos, afirmando que se baseou em versões distorcidas e alegações iniciais equivocadas, sem considerar o desfecho do processo. Declarou que a exposição do nome e da imagem do juiz, com o uso de termos como “estuprador” ou “agressor”, foi extremamente prejudicial e pode configurar violação à honra e à dignidade, com consequências civis e criminais.
Reforçou que a verdade está documentada e que está à disposição para apresentar todas as provas necessárias. Concluiu dizendo que a informação é um direito essencial, mas quando distorcida, causa sofrimento. Com esse esclarecimento, disse buscar apenas justiça, verdade e paz.