O autor do ataque que resultou na morte de um jovem dentro de uma mesquita na França se apresentou à polícia italiana, conforme informaram as autoridades nesta segunda-feira (28/04). O suspeito era procurado pela polícia francesa desde a última sexta-feira, quando teria esfaqueado um muçulmano que rezava na cidade de La Grand-Combe, no sul do país.
A ação criminosa foi registrada pelo próprio agressor e divulgada no aplicativo Snapchat. Câmeras de segurança da mesquita também captaram o momento do ataque. O corpo da vítima, um jovem de cerca de 20 anos, foi localizado apenas na manhã de domingo. De acordo com a imprensa francesa, ele era frequentador assíduo da mesquita e havia se mudado do Mali para a França há alguns anos.
A agência AFP identificou o suspeito como um cidadão francês de origem bósnia. As autoridades investigam o caso como possível homicídio premeditado motivado por questões raciais ou religiosas. Segundo reportagens, o homem teria gritado palavras ofensivas a Alá durante o ataque. O Ministério Público da França, por meio do seu departamento antiterrorismo, avalia assumir formalmente a condução da investigação.
A defesa do acusado, no entanto, nega que tenha havido motivação islamofóbica, alegando que o agressor não teria pronunciado frases contra o Islã ou contra mesquitas no momento do crime.
Presidente francês repudia crime e reforça apoio à comunidade muçulmana
O presidente Emmanuel Macron expressou solidariedade à família da vítima e à comunidade muçulmana, destacando que “um jovem foi brutalmente assassinado em uma mesquita” e que “o racismo e o ódio religioso jamais terão espaço na França”. Macron ressaltou ainda que a liberdade de culto é um direito inviolável.
O primeiro-ministro da França, François Bayrou, classificou o crime como uma “atrocidade islamofóbica”, reforçando que o governo está empenhado em garantir a prisão e punição do autor do ataque. O ministro do Interior, Bruno Retailleau, esteve reunido com representantes religiosos em Ales, cidade onde ocorreu o ataque, e uma manifestação em resposta ao crime foi marcada para a noite de domingo, em Paris.
Maior comunidade muçulmana da Europa pede proteção
A França abriga a maior população muçulmana da Europa, com mais de seis milhões de pessoas, o que representa cerca de 10% dos habitantes do país. Embora o presidente e outros políticos frequentemente critiquem o chamado separatismo islâmico e o radicalismo religioso, organizações de direitos humanos alertam que tais posturas podem restringir a liberdade de expressão da identidade muçulmana.
Em reação ao crime, o Conselho Francês da Fé Muçulmana solicitou que o governo elabore um plano nacional para reforçar a segurança dos locais de culto islâmicos em todo o país.