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Acidente
29/04/2025 09:00:00

Ansiedade de crianças e jovens cresceu mais de 1000% nos últimos 10 anos

Ansiedade de crianças e jovens cresceu mais de 1000% nos últimos 10 anos

O aumento expressivo dos casos de ansiedade entre crianças e adolescentes tem preocupado especialistas. Pesquisa do Ministério da Saúde, realizada em 2024, revela que, em uma década, os atendimentos relacionados a transtornos de ansiedade no SUS aumentaram 1.575% entre crianças de 10 a 14 anos. Entre adolescentes de 15 a 19 anos, o crescimento foi ainda maior, alcançando 4.423%. Na faixa de 19 a 24 anos, o avanço também foi significativo, superior a 3.300%, saltando de 1.534 atendimentos em 2014 para 53.514 em 2024.

Fatores sociais, culturais e tecnológicos contribuem para o quadro

Segundo Fernando Padovan, Mestre em Avaliação Psicológica e Saúde Mental e Professor do Curso de Psicologia da Faculdade Santa Marcelina, essa realidade é fruto de uma combinação de fatores sociais, culturais, tecnológicos e psicológicos. Entre eles, destaca-se a transformação na dinâmica familiar, com a crescente ausência dos pais devido às longas jornadas de trabalho e ao distanciamento das redes de apoio.

“Com essa nova realidade, muitas crianças passam longos períodos em escolas, creches ou sob os cuidados de terceiros, o que pode comprometer o suporte emocional adequado e impactar diretamente sua segurança psicológica”, explica Padovan.

Outro fator apontado é o uso excessivo de dispositivos digitais, que reduz as interações presenciais e prejudica o desenvolvimento de habilidades sociais essenciais. “O isolamento virtual pode levar à dificuldade em lidar com situações de pressão e frustração, tornando os jovens mais vulneráveis à ansiedade e à insegurança emocional”, ressalta o professor.

Redes sociais afetam autoestima e saúde mental

Padovan destaca ainda que o acesso precoce às redes sociais expõe crianças e adolescentes a padrões inalcançáveis, o que impacta diretamente a autoestima. Aplicativos como o TikTok, onde jovens compartilham danças e performances, podem aumentar a pressão social.

“Quando uma criança não consegue reproduzir uma coreografia ou não recebe a mesma quantidade de curtidas e visualizações que outras crianças e influenciadores, pode desenvolver sentimentos de inferioridade e frustração”, alerta.

Além disso, o consumo excessivo desses conteúdos está associado ao fenômeno conhecido como Brain Rot ("apodrecimento cerebral"), caracterizado pela perda da capacidade de concentração e pensamento crítico.

Recomendações para famílias e alternativas de tratamento

Para amenizar os impactos negativos e ajudar os jovens a lidar com a ansiedade, Padovan recomenda a presença ativa dos pais e o estímulo ao equilíbrio entre o uso da tecnologia e as atividades presenciais. “Promover espaços de diálogo e acolhimento é essencial. As crianças precisam sentir que têm um ambiente seguro para expressar suas emoções e inseguranças”, orienta.

O tratamento da ansiedade deve contar com acompanhamento profissional, sendo a psicoterapia um dos principais recursos. “A atuação do psicólogo é fundamental para ajudar o jovem a desenvolver habilidades emocionais e sociais. Atividades criativas, o contato com a natureza e a interação social também são grandes aliados”, completa Padovan.



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